segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Cartilhas

Eu ia começar este post justificando minha ausência dizendo que é difícil manter o interesse quando se escreve um blog sobre um tema pessoal. Aí comecei a ler o último post e percebi que ele começava E-XA-TA-MEN-TE desse jeito. Disso é possível tirar muitas conclusões: que eu não mudei de ideia nos últimos 3 meses, que eu não tenho a menor imaginação ou, quem sabe, pode-se concluir que seja realmente verdade.

Seja lá como for, isso me poupa desse blá blá blá introdutório e me permite tratar logo daquilo que eu tinha em mente. Então vamos ao que interessa (ou que me interessa, pelo menos). Eu estava aqui, matutando sobre uma assunto há algum tempo, quando hoje recebi uma mensagem pelo face de uma amiga, dizendo que também estava de dieta e me incentivando a voltar a escrever no blog. Disse que o blog a inspirava. Gente, vocês não têm noção do quanto isso me deixou feliz. Imagina, ser capaz de inspirar um ser humano? Nunca pensei que isso fosse possível pra mim. Coisa mais fofa de uma amiga igualmente fofa. Serei eternamente grata. Então resolvi sentar meu bumbum neste sofá, enquanto minha casa continua a maior zona em decorrência dessa pintura dos infernos no apartamento.

E o fato sobre o qual venho matutando é que atualmente tenho ouvido com muita frequência as pessoas falarem de como é o jeito "certo" de viver. E, claro, se existe um jeito "certo", nada mais lógico do que existir um jeito "errado" (ou muitos jeitos errados).

Por exemplo, em algum momento do passado, enquanto eu era uma estudante de filosofia, o jeito certo de viver plenamente aceito (ou assim eu achava que era) incluía ler muitos livros, estudar muito, consumir o máximo de cultura que fosse possível, usar roupas simples, tomar cerveja no boteco em copo americano, dançar forró na cooperativa de Barão Geraldo. O jeito errado incluía ainda muito mais coisas, como usar scarpins, fazer luzes loiras no cabelo, gostar de gadgets tecnológicos, música eletrônica e por aí vai.

Em um outro universo de pessoas, o jeito certo parece ser "curtir" a vida até os 28 anos, casar até os 30, ter um filho até os 32 e o segundo até os 35. Juntar dinheiro, comprar um bom apartamento, ter um bom carro, praticar esportes, estar antenado com as novas tecnologias. Tudo isso faz parte do jeito certo. O jeito errado parece ser viver de outra forma qualquer que não contemple nada disso.

É óbvio que estou sendo simplista e um pouco irônica (mas não muito). Mas, de verdade, o que me incomoda não é as pessoas seguirem as cartilhas que melhor lhes parece para viver, mas a perpétua sensação de que existe uma intolerância com quem pensa diferente, sente diferente, vive (ou tenta viver) diferente. Parece que tá difícil reconhecer e aceitar o outro, viu?

É exatamente como a questão do preconceito. Quem não é negro, gordo, mulher, pobre, homossexual etc. e tal muitas vezes simplesmente nega que exista o preconceito contra todas essas condições de vida aí. E, se você, que está em um desses grupos, diz que tem, logo vem uma avalanche de racionalizações para dizer que não é discriminação, é qualquer outra coisa. Tipo o clássico "não é discriminação de cor, é porque tem muito negro nas camadas mais pobres, por isso eles não estão nos postos mais altos da sociedade".

Bom, existe uma forma muito simples de solucionar essa dúvida: pergunte a quem está no grupo em questão. Pergunte a um negro, gordo, mulher, homossexual, pobre etc. e tal o que ele acha, se existe discriminação ou não, se já passou por alguma situação de discriminação ou não. Vamos ouvir tantos, tantos e tantos exemplos que uma vida não seria suficiente para dar conta. Por isso que a profissão de repórter me atraía. Em tese, um repórter iria testar a sua hipótese na realidade e colheria os depoimentos dos personagens envolvidos. Profissão: repórter. Vai lá perguntar pro Caco Barcellos.

Então o mundo em que vivemos é este, vamos parar de fingir. E eu cansei. Eu e o João Doria Jr. Por isso não finjo mais nada. Posso no máximo ficar quieta e escolher em quais brigas quero entrar.

Por outro lado, me sinto absolutamente confortável para elaborar a minha própria cartilha do que considero certo ou errado para viver. No meu caso, apenas almejo chegar a algum lugar mais para a frente da vida com uma velhice razoavelmente digna. E qual o caminho para isso? Acho que 4 aspectos, basicamente: cuidar do corpo, cuidar da mente, cuidar da vida financeira (veja, não disse enriquecer, apenas tentar não ser indigente) e cuidar da relação com as pessoas que me cercam, que me amam e a quem eu amo. Parece pouco, mas é coisa pra caralho. Demanda um esforço que não tá no gibi (expressão que denota a idade de forma irracional). No momento, diria que tenho relativo sucesso em alguns aspectos e relativo fracasso em outros.

No que toca a este blog, que é o cuidado com o corpo, posso dizer que estou a apenas 3 kg da minha meta dos 90 kg. Falta um mês e meio pro fim do ano. Eu andei dando aquela vacilada na dieta, o que ocorre quando a vida dá uma degringolada, mas tô aqui de novo, firme (metaforicamente falando, já que as carrrrnes não andam tão firmes assim) e forte. Nesta semana de volta, a meta é comer saudável. Saudável mesmo. Nada de carne vermelha, frituras, industrializados, gorduras, carboidratos refinados. Vamos de salada, sopa de legumes (no calor de 35º), muita água, frutas, peixe, nuts, aveia, granola e o diabo a quatro. E um livrinho, pra cuidar da mente. Acho que vou escolher alguma biografia não-autorizada, para ficar ligada no movimento.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

38 dias

Quem escreve um blog sobre algum tema de sua vida pessoal (vida de casado, maternidade, viagens, a vida em outro país etc.) sabe que o mais difícil é manter o interesse (o próprio e o dos outros) depois de algum tempo falando sobre a mesma coisa. Tudo cai na rotina e vira mais do mesmo. Não é à toa que tantos namoros e casamentos acabam por esse motivo. A rotina... Ah, a rotina...

Dieta é assim também. No começo é muito difícil, depois fica menos difícil. Conforme o tempo passa, você decora o valor calórico de absolutamente tudo, as quantidades que pode comer, sabe o que faz mais ou menos efeito em você, passa a sentir menos fome e a dieta finalmente é incorporada à sua vida. Eu sou capaz de dizer com uma precisão bem razoável quanto estarei pesando no dia seguinte dependendo do que eu comi.

Então você acha que a sua vida tá resolvida e que você pode predizer com algum grau de certeza quando atingirá as metas que traçou. Só que a vida é mais do que isso, né? É bem mais tortuosa e bem menos preto no branco do que uma simples contagem de calorias. E foi assim que os últimos 38 dias foram uma bagunça total. E posso dizer que a bagunça da dieta foi o que menos pesou nesses 38 dias.

Começou em 5 de julho, meu aniversário de 37 aninhos (sim, eu sei, pareço incrivelmente mais jovem, obrigada). Saí para jantar com a little family + irmã e cunhado. Outback, não pode prestar. Mas beleza, era aniversário. Nesse mesmo dia, saí de férias. Fiquei mais uns dias em São Paulo tentando manter algum controle e depois fui pra minha mãe. Aí doce de abóbora, feijão com paio etc. e tal. Foda.

Depois começamos uma pequena viagem de carro por algumas cidades de Minas. Fiquei pensando que talvez essa não fosse a viagem mais adequada para um ser humano com restrições alimentares, mas, enfim, foi o que fizemos, também devido a outro tipo de restrição, a financeira. Fomos pra Monte Verde (lindo e frio do capeta), São João del Rei (fofa) e Belo Horizonte. Quando chegamos em Belo Horizonte, a filha teve um dia de febre alta. Depois melhorou e fomos dois dias pra Inhotim (quem ainda não foi TEM que ir). Tudo bem.

No quarto dia a pequena piorou. Fomos parar no hospital. Lá se foram 8 dias internada, com uns sintomas bem sérios, sem um diagnóstico definido e algumas hipóteses bem bizarras. Hoje, finalmente, 22 dias depois desse pesadelo ter começado, a médica parece ter finalmente afastado a possibilidade mais assustadora. Disse que tem mais cara de ter sido uma... virose!!!! Virose, acreditam nisso? Normalmente eu ficaria muito p da vida de ouvir isso, mas, dadas as circunstâncias, foi um alívio imenso. Ainda tem mais investigação aí pela frente, mas o pior parece ter ficado definitivamente para trás.

Bom, vocês já devem ter entendido, a essa altura, que a dieta foi pro espaço nesse período. Meu plano era voltar aqui, neste blog, apenas quando atingisse minha próxima meta, de 92 kg, que era o peso que eu estava quando voltei de licença-maternidade, mas não deu. Em 5 de julho, quando o descontrole começou, eu estava com 95,8 kg. Agora estou com 96,5 kg. Diria que o estrago até que não foi tão grande, né? Será que estou sendo auto-indulgente? Maybe.

Por sorte voltei a ganhar a tranquilidade de que eu precisava para retomar esse caminho meio budista em que preciso me manter (embora repita que esse é um probleminha bem pequenininho perto do que rolou). E agora estamos aí, a 4,5 kg desse meu número mágico de 92 kg. Também por sorte pude contar com todas as pessoas maravilhosas que me cercam nesse período e tenho um cara pra lá de bacana aqui em casa que me incentiva e lava, pica e corta legumes quando vê que estou desanimando, além de me chamar para a realidade e me dar uma bronquinha. Tudo com aquele jeito fofo dele.

Vamos fazer uma apostinha? Quanto tempo vocês acham que eu vou levar para chegar nos 92 kg? Minha meta é escrever o post dando essa notícia em 31 de outubro. Tá bom pra vocês?

sábado, 25 de maio de 2013

Uma despedida

Boa noite (boa-noite tem hífen, acreditem, assim como bom-dia e boa-tarde, mas eu me recuso a escrever isso). Meu nome é Alessandra e eu não como carboidratos há 13 dias. É, enfim, fiz a dieta que a nutricionista passou. A primeira fase acaba amanhã. Depois, na terça, um dia de dieta líquida e mais uma semana em que voltam apenas as frutas.

Querem saber como foi? Uma palavra: foda. Foi foda. Bem foda. Comecei com um dia de dieta líquida. Depois duas semanas sem carboidrato. Sem carboidrato mesmo, inclusive sem fruta. Isso significa que sua vida se resume a proteínas magras e folhas verdes. Uma porção de legumes no almoço e outra no jantar. Sabe o que é uma porção de legumes? Meio tomate. Repito: MEIO TOMATE!!!

O primeiro dia foi horrível. Voltei pra casa com uma fraqueza... Depois por uma semana fiquei bem, tranquila. Com exceção de sábado passado e daqui a pouco eu conto por quê. Agora, nos últimos dias, voltei a não ficar bem. Dor de cabeça, dor no corpo, um pouco de náusea e um saco bem cheio.

Valeu a pena? Bom, lá se foram 5,5 kg e agora posso dizer do que se trata a despedida do título. Eu me despedi oficialmente dos 3 dígitos. Acordei hoje com 99,2 kg. Bom, lembrem-se de que eu comecei esta dieta com 115,6 kg. Façam as contas aí. Tive uma semi-epifania quando vi o número na balança. OK, eu sei que ninguém em sã consciência acha legal pesar 99 kg, mas a gente comemora o que tem, né? E eu estava precisando desse gás pra dar um ânimo.

Envolveu uma disciplina que não estou muito acostumada a ter: chegar em casa todos os dias e preparar TUDO o que eu ia comer no dia seguinte: o café da manhã, o lanche da manhã, o almoço e o lanche da tarde. Levar toda a marmita pro trabalho no dia seguinte, comer no trabalho todos os dias, abrir mão de socializar com os colegas na hora do almoço. Mas o resultado foi esse aí.

Agora, como eu falei, vou contar a provação maior desse período. Sábado passado teve uma festinha de criança para ir. Vou passar as informações necessárias para que vocês tenham noção do que eu passei. Sábado passado foi a Virada Cultural em São Paulo. E eu, como se sabe, moro no Centro. Ou seja, fiquei meio ilhada em casa, com as ruas interditadas, sem poder sair com o carro. A festinha foi no Ipiranga. Então peguei o metrô e um táxi até o prédio onde seria o aniversário. Até aí foi tudo bem.

Chegando lá... Era um buffet de pizza... Aquele cheeeeeiro de pizza, todo mundo tomando vinho, cerveja, comendo bolo e brigadeiro. E eu tomando um copo de água depois do outro. Saquei meus dois rolinhos de queijo e peito de peru e mandei pra dentro. Só que é muito, muito difícil ficar 4 horas num lugar assim passando por isso, especialmente para quem não está acostumado a se privar de comida. Chegou uma hora em que eu estava com fome e cansada e só queria ir para casa.

Mas... Como eu disse, estava rolando a Virada Cultural, então a única forma de chegar em casa era de metrô. E eu precisava chegar até o metrô. E estava numa rua residencial, onde não passava táxi. Então não tinha como ir embora. Esperei minha amiga para me dar uma carona até o metrô. Com foooome, dor de cabeça. Mas... Como eu disse, pela terceira vez, estava rolando a Virada Cultural... Aí o metrô estava lotado e um clima de bagunça pesada. Desci com a minha pequena no meio da multidão e... A saída do metrô que fica perto da minha casa estava fechada. A pequena cansada, com medo, eu cansada, com fome e a gente tentando atravessar uma multidão de 4 milhões de pessoas para chegar em casa.

Bom, levou 40 minutos com ela chorando e eu tentando controlar meus nervos, mas, enfim, chegamos em casa, sãs e salvas. E eu não saí da dieta. A recompensa veio em forma de calça jeans. Explico. No Dia dos Namorados do ano passado ganhei do marido um casaquinho com corações (own, ti fofo) e uma calça jeans. O casaquinho serviu, mas a calça... Não passava nem do meio da coxa. Resolvi não trocar a calça e deixar ela lá, para o dia em que finalmente tivesse coragem de começar a dieta. Quando comecei, provava a calça a cada 2 ou 3 kg perdidos. Então vi a calça subir mais um pouco, passar no quadril e os dois botões se aproximando. Até que nesta semana ela por fim fechou. Um ano depois vamos comemorar o Dia dos Namorados com a calça que ele me deu. É bobo? I guess, but I don't care.

Bom, deixo vocês de novo com a comparação da foto. A primeira é a de hoje e a segunda, do ano passado. E ainda faltam 9 kg para bater a meta do ano. Então, mesmo que este blog tenha cada dia menos leitores, ele vai continuar.

See you!


terça-feira, 14 de maio de 2013

Metade do primeiro terço

Eu já falei aqui 250.999 vezes que a dieta tá aí, seguindo seu rumo e que o problema começa com ál e termina com cool. Estamos todos cientes disso, né? Não tem mais o que dizer. Bom, o ano se aproxima da metade e a metade deste ano é também a metade do primeiro terço que estabeleci como meta para eliminar os 55 kg que se acumulavam em mim quando me joguei nessa empreitada.

A meta (não mais secreta) que tenho em mente é terminar 2013 com 90 kg, 2014 com 72 kg e 2015 com 60 kg. Sim, eu sei, é uma meta de longuíssimo prazo e difícil de tangibilizar. Mas eu sou assim. Gosto de planejar tudo para daqui a 20 anos: os cursos que eu vou fazer, as coisas que vou comprar, o rumo que vou dar para a minha carreira, os filmes que vou ver, os livros que vou ler e até os cursos que eu acho que o marido deveria fazer, coitado. Se as coisas vão sair conforme planejado são outros 500s. Muito provavelmente não, mas eu gosto de planejar. Para mim, o planejamento em si já é um processo divertido.

Mas agora, back to reality. Vamos a uma meta mais próxima: a verdade é que eu gostaria de chegar ao meu aniversário de 37 aninhos, em 5 de julho, pesando dois dígitos. Para isso, ainda preciso emagrecer 3 kg. Falta 1 mês e 20 dias. Dá pra fazer numa relax, numa tranquila, numa boa.

Neste final de semana enfiei o pé na jaca como não fazia há muito tempo. Na sexta mandei pra dentro um hamburgão e à noite tomei as minhas fatídicas 5 long necks. No sábado abocanhei um delicioso sorvete da baccio di latte e, no domingo, para fechar com chave de ouro, filei o almoço de dia das mães na casa de uma amiga. Bebi quantidades industriais de álcool e comi, comi, comi. Só coisa levinha, né? Nhoque, pernil, salpicão. Bêbada e empanturrada. Homer Simpson ficaria orgulhoso.

Na segunda o ponteiro da balança foi inclemente e subiu 1,8 kg sem a menor piedade. Eu poderia ter voltado à dieta normal, porque sei que em uns 4 dias estaria de volta ao peso de antes da esbórnia. No entanto, senti que agora, depois de mais de 4 meses, eu estava pronta para uma coisa mais power. Essa coisa de "sentir que tá pronta" é brega demais, né? Parece papo de celebridade B na Caras ou de gente esotérica. Mas, enfim, foi isso mesmo, senti que estava pronta.

Assim que saquei a dieta que a nutricionista havia proposto lá em janeiro e eu não tinha tido coragem de fazer. Relembrando: começa com um dia de dieta líquida, depois 15 dias sem carboidrato at all, depois mais um dia de dieta líquida, depois uma semana reintroduzindo alguns poucos carboidratos (frutas, basicamente), depois mais um dia de dieta líquida e, por fim, começa uma dieta com todos os grupos alimentares bem parecida com a que eu vinha fazendo.

Ontem foi o primeiro dia, com a dieta líquida. Passei bem. Hoje o primeiro dia sem carbo. Foi foda. Foda, foda, foda. Entenderam? Foda. Cheguei em casa fraca de fome. A nutri disse que são 3 ou 4 dias de desespero, depois passa. Vou acreditar nela. Eu venho fazendo as coisas apenas do meu jeito há muito tempo e não necessariamente dá sempre certo, então vamos ouvir outra pessoa, especialmente uma que vive disso.

É isso aí. Se eu não voltar mais, é porque estou internada em algum hospício por ter enlouquecido com a falta de carboidrato. Um pão, pelamordedeus!

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A pele que habito

O título deste post ia ser "Zona de conforto", mas, enquanto esperava o notebook ligar, me veio à mente esse outro título, que achei mais apropriado.Tudo isso para dizer que o tema deste post não está ligado ao filme do Almodóvar, mas a essa sensação de conforto e/ou desconforto na própria pele.

A palavra escrita é o território onde me sinto mais confortável na minha própria pele. Eu sento aqui com meu computadorzinho e o mundo desaparece por uns minutos. Sou capaz de uma concentração total, que não tenho na maioria das outras atividades que faço e que exigem, ao contrário, que eu seja capaz de dividir o foco em muitas coisas. Por isso escrevo este blog. No momento é este, mas já foi outro. E, antes dos blogs, escrevia diários. E, entre os diários e os blogs, escrevi vários textos de ficção que ficaram guardados pra mim mesma. Simplesmente preciso escrever.

Fora a escrita apenas algumas outras coisas produzem em mim esse sentimento de conforto. Uma delas é a água. Eu nado melhor do que ando e certamente infinitas vezes melhor do que corro. Não posso ver uma piscina que já me jogo. E fico lá, feliz e contente. Gosto da solidão da água, de não ouvir nada enquanto estou nadando, de me sentir deslizar, de ser leve na água. Meio parecida com a escrita, vocês não acham?

Por fim, meu último território é a comida. Comer, cozinhar, apetrechos de culinária, o ambiente da cozinha, produzir alguma coisa na hora (e ainda por cima gostoso), dividir com as pessoas, ter um momento agradável ali. Enfim, a comida é meu território e onde me sinto confortável na minha pele.

Nas últimas semanas tinha decidido dar um tempo do blog, porque não havia mais muito o que dizer. A dieta seguia o seu ritmo e eu vinha emagrecendo sempre um pouco. Os problemas continuavam os mesmos: o álcool semanal e a falta de exercícios. Ainda assim, perdi 12 kg ao todo. Sempre ali, contando as calorias, fazendo um esforço, saindo da minha zona de conforto, para usar essa expressão tão cara ao mundo corporativo.

Até que anteontem a gripe me pegou. E ontem e hoje, especialmente, ela me pegou de jeito. Fiquei com o pescoço duro, dor de cabeça, dor no corpo, febre, imprestável. Aí resolvi que ia parar de contar calorias por 2 dias e comer o que quisesse. Assim fiz, ontem e hoje. Resultado: 1 kg a mais. Implacável. Tipo um tapão bem dado na minha cara, para me lembrar que essa pele aí que eu habito foi o que me fez chegar até aqui.

E ela veio à tona no meio de uma outra situação que eu conheço bem: gripe e dor de garganta. Quem me conhece há algum tempo sabe que a minha garganta é uma entidade à parte. Tem a Alessandra Milanez e a Garganta. Quando essa dor se instala, eu sinto um desânimo imediato, porque sei tudo o que vem pela frente: a coisa vai piorando, piorando, piorando. Começa a afetar o ouvido, fico com tudo tapado, meio surda, uma tosse interminável, até que, por fim, me rendo e caio no antibiótico. São pelo menos dois meses às voltas com a Garganta. Essa situação de desconforto me jogou de volta por dois dias para os territórios em que me sinto melhor: a escrita e a comida.

Só que não pode, né, gente? Foi muito, muito esforço para emagrecer esses míseros 12 kg e eu não posso por a perder sempre que surge uma crise. Então beleza, vou voltar pro meu aplicativo de contar calorias e para o blog, que pode no máximo encher o saco dozamigo, mas pelo menos não engorda.

Amanhã estamos aí de volta, com café da manhã de 200 cal, almoço e jantar de 400 cal e outras 300 cal para distribuir entre os lanchinhos do dia. Com ou sem infecção na garganta. Favor deixar comentários motivacionais, que eu tô precisando.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Causa e efeito

Quando eu era uma estudante de filosofia, sempre me impressionava o fato de que alguns colegas "abraçavam" um filósofo e adotavam os seus pensamentos para a sua vida mesmo. Pensava que não poderia existir nada mais anti-filosófico do que isso, porque aí a filosofia deixava de ser um questionamento e passava a ser, assim, mais ou menos, quase como uma religião. 

Era duro lidar com isso especialmente quando se escolhe um pensador como Schopenhauer como objeto de estudo. Na época, as primeiras palavras que vinham à mente quando se mencionava Schopenhauer eram pessimista e niilista. Logo se inferia que eu também era assim e então me olhavam com aquele medo, como se eu tivesse uma doença contagiosíssima que fosse destruir toda a felicidade sobre a Terra. Logo eu, pobre de mim. Passei muito tempo rejeitando esse rótulo com todas as forças que pude encontrar.

Sim, estou longe de ser o que costumo chamar de otimista irracional, aquela pessoa que sempre acha que tudo vai dar certo mesmo quando está tudo uma merda. Por outro lado, acredito piamente que temos interferência no mundo e podemos deixar as coisas melhores ou piores. É verdade que Schopenhauer não estava exatamente tratando de questões tão cotidianas assim, mas não importa, não tenho obrigação de ter esse rigor teórico aqui.

Bom, vamos ao que interessa e, no final deste post, vou tentar dar um jeito de fazer alguma conexão maluca para que esta introdução aí de cima faça algum sentido e não seja apenas uma divagação sem lé com cré. Não sei se algum dos meus parcos leitores percebeu que eu não escrevi na semana passada. A verdade é que ainda não emagreci nada neste mês, mas não foi por isso que eu não escrevi. A esta altura do campeonato já entendi que, se eu persistir, vou acabar emagrecendo e que tem esses momentos de estagnação mesmo. Então não esquento mais.

O motivo de não ter escrito é que eu fiz um ultrassom na tireoide e apareceu um nódulo. Até conseguir uma consulta com um endocrinologista eu fiquei meio surtada. E minha vida ficou meio em suspenso durante esse período. Até que finalmente fui ao médico e ele me disse que não era nada e que 30% das pessoas da minha idade têm algum nódulo na tireoide. Ufa.

É verdade que tomei mais uma bronca de mais um médico, que me descascou porque eu não estou fazendo exercício, mas ainda assim pude finalmente soltar a respiração que tinha ficado suspensa por vários dias e voltei pra minha vida normal. Obviamente depois disso rolou muita auto-reflexão. A principal delas é sobre a relação de causa e efeito. Durante todos esses anos em que eu engordei, eu passava um tempo no mesmo peso e de repente dava uma engordada rápida, tipo um rali de ganho de peso. E sempre em momentos de stress. Embora não fizesse isso conscientemente, é óbvio que eu usava a comida e a bebida como válvula de escape.

E justamente agora estou entrando numa dessas fases de stress. Só que aprendi que as fases de stress fazem parte da minha vida e eu vou ter que aprender a conviver com ela de uma forma que não me destrua. Sem comida e sem bebida. E, para piorar, o marido tá estudando à noite, o que me obriga a voltar direto pra casa do trabalho T O D A S A S N O I T E S. Me sinto assim uma escrava cativa nessa vida casa-trabalho-casa. Detesto mesmo. Mas é assim que é e eu vou ter que aprender a ser feliz assim. E ser feliz fazendo dieta.

Bom, empiricamente já sei que o stress é pelo menos uma das causas do meu ganho de peso. Assim, me manter feliz é condição sine qua non para conseguir me manter na dieta. Aí lembrei que, desde que minha filha nasceu, eu praticamente não fui mais ao cinema, que era uma das minhas grandes paixões. Isso quer dizer que eu perdi todos os filmes bons (e os ruins também) produzidos nos últimos 5 anos. Fiz uma lista: tenho 65 filmes pra ver nos próximos meses. Já ocupa um tempo, não? Depois posso fazer uma lista de livros que gostaria de ter lido e não li. Assim, além de ficar longe das minhas válvulas de escape tradicionais, tenho a chance de ficar um pouco menos burra. Ou não, a conferir.

Desta vez, portanto, vou abandonar Schopenhauer e adotar um outro filósofo, David Hume, que tratou da relação de causa e efeito e de como podemos conhecê-la apenas pela experiência e nunca a priori. Por sorte, neste caso, tenho bastante experiência. Não falei que ia dar um jeito de fazer um link maluco com a introdução filosófica toscona deste post?

Bom, portanto não se assustem se no próximo post as referências forem cinematográficas. E vamo que vamo, que eu ainda tenho dois quilinhos inteiros para perder nos próximos 17 dias.

P.S. - Marido me manda deixar registrado que ele sempre me apoia na dieta. Tá aí, anotado.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Mais um mês, menos uns quilos

Pois é, o segundo mês da dieta chegou ao fim... Para quem não acreditava, aqui estou eu ainda, escrevendo religiosamente toda semana. Não tenho mais sofrimento nenhum para fazer a dieta. Já sei exatamente quantas calorias cada alimento vai me custar, já consigo dividir bem o dia para não morrer de fome à noite, já sei o que comprar no supermercado e, quando eu decido estourar o limite do dia, faço isso conscientemente.

Também não tenho mais fissura por quase nada. Pontualmente algo me vem à mente, como no final de semana passado, em que eu estava passeando à tarde com a pequena família e fiquei pensando no quanto um café e uma fationa generosa de cheesecake me fariam feliz. Mas até esse pensamento passou.

Os meus pontos fracos continuam sendo os mesmos que vocês lêem aqui (ou não lêem, whatever) toda semana: o álcool da sexta e os exercícios. Continuam os mesmos, assim como os meus cabelos (quem entender a piada entrega a idade.Quem não é matusalém como eu pode ver o vídeo dessa propaganda antiga aqui).

O melhor conselho que recebi a respeito disso foi de um amigo do trampo que deixou um comentário na semana passada em que ele dizia, basicamente: "Para de viadagem e caminha aí". Foi um bom conselho. Ainda não segui, mas admito que foi uma das coisas mais sensatas que ouvi ultimamente. Simples assim. Adoro esse jeito totalmente sem rodeios do universo masculino. Acho que é o melhor que o mundo masculino tem a oferecer (conceitualmente falando, é claro, porque obviamente existem outros atrativos nos homens que são bem menos abstratos).

Fevereiro se despede carregando 2,9 kg dos meus quilinhos. É menos do que em janeiro? Certamente. Bem menos. Por outro lado, eu passei 3 semanas sem ver o ponteiro da balança se mover. Dá um certo desespero. Por que não se move? Por quê? Por quêêêêêêêê???? Não sei. De verdade, não sei. Mas tenho algumas suspeitas. Uma delas é que toda essa confusão de peso, de engorda e emagrece, enlouqueceu meus  hormônios, coitados. Tudo ficou muito louco. Então toca eu ir lá fazer todos os exames de novo no sábado agora.

Mas o fato é que aqui o nome do jogo é persistência. Depois de 3 semanas sem perder um grama, só oscilando em torno do mesmo peso, voltei a emagrecer 1 kg por semana nas últimas duas semanas. Assim, tão sem explicação quanto quando parei de perder peso, voltei a emagrecer. Life is a mistery, man.

Só sei que hoje tudo o que importa é que eu acordei e fui trabalhar com uma calça que não cabia em mim há anos. Anos e anos. A calça tá até meio demodê, mas hoje ela me pareceu belíssima. Então eu sigo assim, tentando domar meus muitos defeitões.

Deixo vocês com a mesma foto comparativa do mês passado. A foto abaixo é aquela tirada no final do ano passado, com 115,6 kg. A outra foi tirada ontem, com 107,8 kg. OK, não dá pra ver muita diferença, porque os 8 kg eliminados ficam um pouco diluídos quando se leva em consideração os 55 kg totais que precisam sair do corpitcho, né? Bom, mas um passo de cada vez.



A minha primeira meta nessa dieta era exatamente 107,8 kg. Por que o número mágico? Era o que eu pesava na última dieta, que foi abortada quando minha vida deu uma degringolada e eu passei meses e meses num descontrole total, voltando a engordar tudo o que tinha emagrecido e um pouco mais. Então, pra mim, é como se esse fosse o ponto de onde eu deveria estar partindo agora, uma espécie de atraso que eu tinha que tirar. Maior viagem, eu sei, mas é a minha viagem. E, como o blog é meu, a dieta é minha, o corpo é meu e a loucura é minha, vou continuar achando que os 107,8 kg são a primeira pequena vitória pessoal. Para este projeto que é a dieta eu tive que deixar de lado o meu ceticismo habitual e vestir um traje de otimismo, porque sem otimismo, mermão, o ser humano não aguenta, não. As religiões estão aí mais fortes do que nunca para não me deixar mentir, ensinando as pessoas a serem gratas até quando estão tomando chibatada no tronco. Saravá!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O desvio do meio

Tenho um pouco de preguiça de opiniões fortes. Acho que um pouco por ter estudado filosofia. Na filosofia muita gente entra em batalhas de vida ou morte por pontos de vista. Depois a época em Brasília também, com brigas sem fim acerca de política. Me deu uma preguiça. Tem gente que adora, né? Uma noite presenciei um acalorado debate sobre chuveiro elétrico versus chuveiro a gás. Quase acabou em briga. Morro de tédio.

Em geral as pessoas com opiniões muito fortes tendem a achar todo mundo que não pensa como elas uns verdadeiros idiotas, ignóbeis, ingênuos, marionetes do sistema e por aí vai. Não gosto de pensar assim dos outros, por isso curto buscar o caminho do meio. Nem sempre encontro, mas tô aí, na busca constante. Assim meio budista. Só não é totalmente budista pra não ser unilateral.

Hoje estava pensando nisso em relação à minha atitude como mãe. A pequena nasceu de cesárea. Não porque eu quisesse. Na verdade eu queria parto normal, mas eu pesava 113 kg e a Helena era um bebezão de 4 kg. O médico achou melhor não arriscar. Eu fiquei um pouco de bode na época, mas... Fui. E, na boa, que diferença fez? Jamais saberei, mas suspeito que pouca ou nenhuma.

Amamentei nos 5 meses em que fiquei de licença. Se eu disser que amava aquilo loucamente, serei uma mentirosa cara-de-pau, mas cumpri o papel sem reclamar (muito). Quando voltei a trabalhar, a gulosa conheceu a mamadeira e nunca mais quis saber de mim.

Ela chupou chupeta, mas aos 2 anos deu a chupeta pra fada, pegou seu presente e foi feliz assim. Hoje em dia ela come pirulito de vez em quando, dadinho, bombom e o açúcar que lhe fará feliz. A gente compensa tentando manter uma alimentação mais saudável durante a semana, escovando bem os dentes e monitorando o peso.

Eu não bato nela nunca, porque acho isso uma tremenda sacanagem, mas dou uns berros de vez em quando, porque também sou humana e altamente imperfeita. Acompanho o desempenho escolar, faço tudo o que a escola pede, vou às festinhas, mas não bato ponto na escola nem faço amizade com outras mães.

Enfim, sigo assim, no caminho do meio. Acreditem vocês ou não, isso não é muito comum. No universo das mães existem duas personas mais comuns: as mães naturebas, defensoras incondicionais do parto normal, natural, em casa, sling, que acham que o açúcar é o diabo em forma de calorias, brinquedo de madeira, festinha de criança com espetinho de pepino e por aí vai, e as mães super hype, com 3 babás de branco, motorista, enxoval em Miami, vaga garantida na escola bilíngue carésima, que deixam os filhos com as avós/babás nas férias para ter um momento a sós com o marido, fazer compras e por aí vai. Sacaram? Não estou falando mal de nenhuma delas, não quero polemizar, cada um sabe de si. Mas não me encaixo em nenhuma dessas categorias e fico isolada no meu suposto caminho do meio. O caminho do meio pode ser bem solitário.

Bom, mas vocês devem estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com a minha dieta, tema deste blog (pelo menos dos últimos posts). O fato é que, quando eu comecei esta dieta, adotei a mesma linha de raciocínio: vou pelo caminho do meio. Adotei uma alimentação mais saudável, passei a comer menos, a contar as calorias e, uma vez por semana, abria espaço para aquilo que me fazia mais falta. Funcionou? Sim, por 20 dias. Depois parou de funcionar. Nesta última semana apertei um pouco mais o cinto e diminuí 200 calorias/dia. O ponteiro da balança nem se mexeu. Na verdade, se mexeu: para cima!!! Um quilo que havia sido suado na semana anterior.

É fato que eu não cumpri a promessa da semana anterior e tomei três latinhas de cerveja na sexta e três chopps no sábado. Pode ser isso, quem sabe... Mas a verdadeira verdade é que meu método do caminho do meio parou de funcionar há quase um mês. Surreal. Um nocaute pra mim.

O que fazer? Desistir? Não posso, né? Peso 110 kg, desistir não é uma opção, amigos. Preciso conseguir emagrecer por muitos motivos, mas o principal deles é porque eu QUERO. Então vou ouvir o que os outros têm a me dizer e não me apegar de forma irracional à minha opinião. E, neste caso, vou ouvir a nutricionista que consultei. A partir de segunda entro na dieta dela, sem carboidrato por 2 semanas. Semana que vem, se eu escrever coisas sem nexo, vocês já saberão que estou sofrendo da síndrome do no carbs. Até lá!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Apertando os parafusos

Fui comprar uma calça jeans, já que a ÚNICA que eu tinha furou. E, por motivos óbvios, não estou a fim de fazer um grande guarda-roupa no momento. Então fui em busca de uma nova calça jeans. Descobri que a Marisa tem uma seção de tamanhos grandes. A gordura é uma questão social também. No bairro onde fica o meu trabalho, em que predominam as classes A e B, tem pouco gordo, assim como tem pouco fumante. Já onde eu moro, que tem de tudo, inclusive classe C e talvez D, tem bastante gordo (e bastante fumante).

Então faz todo sentido para uma loja como a Marisa ter uma seção de roupas grandes, atinge bem o seu público-alvo. E, como também pelos mesmos motivos óbvios eu não quero gastar uma super grana com roupa no momento, lá fui eu atrás da minha calça jeans de transição. Não encontrei. Mas comprei uma calça preta legalzinha e uma bermuda jeans. E fiquei feliz por ter diminuído um número.

Apenas uma nota mental aqui: quando for comprar roupas para si, vá sozinha, Alessandra Milanez. A minha companhia conseguiu, com apenas algumas poucas palavras, acabar com a minha felicidade de ter diminuído um número de roupa. Eu estava lá, toda feliz olhando as coisas e qualquer peça em que eu me detivesse um pouco mais, ela dizia: "não, isso vai te fazer parecer ainda maior, vai ficar gigante". E, quando eu contei que tinha passado do número 54 para o 52, ela falou: "Nossa!". Ninguém que está tentando se manter feliz e positiva precisa de comentários desse tipo por perto, né? Portanto agora só compro roupa quando estiver sozinha.

Bom, o ponteiro da balança finalmente se mexeu um pouquinho nesta semana e eu emagreci 600 g. Sim, eu sei, é pouco, mas fazia 20 dias que ele só oscilava no mesmo lugar, sem nunca chegar abaixo dos 110,7 kg. Durante esta semana bateu 109,7 kg, mas depois subiu de novo e ficou no 110,1 kg.

Durante o Carnaval eu cedi às tentações do álcool duas vezes: na sexta-feira e ontem. Foi o  Carnaval menos etílico da minha vida, mas mesmo assim ainda foi muito para quem tinha se planejado beber um dia só. No próximo final de semana não vou beber nenhum dia. Ouviram? Nenhum dia. OUVIRAM? NENHUM DIAZINHO!!!

Quanto à dieta, vou usar uma expressão cara a um lugar que frequento todos os dias úteis, das 9h às 18h, na melhor das hipóteses: o que me trouxe até aqui não vai me levar onde quero chegar. Está claro que as 1500 calorias não são mais suficientes para me fazer emagrecer. Meu corpo espertão já aprendeu a armazenar energia com menos, o que seria muito útil se eu fosse um náufrago numa ilha deserta, mas aqui, na cidade, com toda essa fartura de comida, é apenas um obstáculo pentelho a ser vencido. 

Chegou a hora de dar mais uma volta no parafuso, que nem quando a gente usa aparelho nos dentes e vai uma vez por mês para a sessão de tortura com o dentista, sabe? Acho que agora meu corpo já está mais acostumado com a vida de dieta e eu não vou sofrer tanto quanto sofri há um mês e meio, quando comecei o regime. Bom, pelo menos assim espero. Então vou reduzir para 1300 calorias/dia. Não parece muito, não é? Mas é. Em uma semana, são 1400 calorias a menos, ou um dia inteiro de comida. Ou, para os meus amigos bebuns de plantão que gostam de fazer as contas em cerveja, é o equivalente a 9 latinhas de cerveja. Nada mau, né? Começa agora! Torçam para que dê resultado, porque senão vou ter que entrar na bendita dieta sem carboidratos por 15 dias. Morro de medo!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Quem mexeu no meu pão?

Quando eu comecei a escrever este post, já dei logo o título: "quem mexeu no meu pão?". A ideia era contar que a nutricionista tinha me passado um programa alimentar que começava com 14 dias sem carboidrato at all e, ao mesmo tempo, zuar um pouco aquele livro de auto-ajuda de nome similar.

Aí eu resolvi dar um Google básico para saber do que se tratava o tal "Quem mexeu no meu queijo?". Pelo que li, é o seguinte: dois homens e dois ratos vão sempre ao mesmo lugar pegar queijo. Um dia o queijo daquele lugar acaba. Um dos ratos já se prepara para a mudança e o outro já começa a procurar queijo em outro lugar imediatamente. Os dois homens continuam procurando queijo no mesmo lugar, sem encontrar, até que um deles eventualmente decide procurar em outras paradas. O outro homem continua indo ao mesmo lugar forévis, sem encontrar queijo nenhum. Acho que é isso, mais ou menos. Aparentemente o livro é uma fábula sobre como as pessoas reagem (ou não reagem) às mudanças.

Vamos combinar que, pelo menos pelo que eu vi, é uma coisa bem bobinha, né? OK, eu já esperava um alto grau de tosquice. Mas todo mundo sabe que é assim mesmo. Todo mundo conhece alguém que, por exemplo, demora horrores para superar uma separação conjugal e outro que saiu andando sem nem olhar pra trás. Isso vale para tudo: mudança de emprego, perda de parentes e amigos, mudança de cidade, país e por aí vai.

Então vou usar a ideia tosca do livro igualmente tosco para contar o que vou contar.

Eu me consultei com uma nutricionista. Ela mediu, pesou, conversou etc. Depois foi embora dizendo que me mandaria o programa para a minha dieta. Eu fiquei ansiosíssima, imaginando mil e uma coisas. Todo mundo que faz dieta sabe o quanto isso toma conta da sua vida. Você tem que prestar atenção no que come, planejar o que vai comer nas próximas refeições e passa uma fome. Passa fome mesmo.

Agora, por exemplo, eu já consumi as 1500 calorias do dia, ainda são 20h42 e eu estou com fome. E isso me deixa puta, mal humorada, infeliz. Mas é isso aí. É a decisão entre ficar puta e deprimida agora, mas feliz amanhã com alguns gramas a menos, ou comer, ficar mais tranquila agora, mas acordar mais gorda amanhã e aí ficar puta e deprimida. Ou seja, a eterna luta entre o curto prazo e o longo prazo. A fábula da cigarra e da formiga.

Pois bem. Após uma semana de espera angustiante, a nutricionista passou o programa que fez pra mim. Vi o e-mail que ela mandou no meu celular, por volta da uma da madrugada. Quase caí da cama. O programa começa com duas semanas sem carboidrato, depois um dia de dieta líquida, mais duas semanas de uma dieta de transição, mais um dia de dieta líquida e, depois, uma terceira fase de 1500 calorias normal. Pela minha reação, já dá pra dizer que não sou o personagem lá do livro que aceita mudanças assim, de uma hora pra outra. Fiquei mal, deprimida, não conseguia dormir.

O programa inclui ainda um shake de proteína e vários fitoterápicos para acelerar o metabolismo. Para manter esse programa, eu ficaria R$ 600 mais pobre todo mês: R$ 200 do shake e R$ 400 dos remedinhos. Na boa, não tô podendo. Descobri que comer menos sai bem mais caro do que comer mais. As comidas de dieta são caras... Aí tem academia (mais R$ 150) e drenagem linfática (700 pilas por 10 sessões, que duram mais ou menos dois meses e meio, ou seja, 280 contos por mês). Precisa ser rico para emagrecer.

Bom, enfim, esse programa definitivamente não é pra mim. Exige tempo e dinheiro, justamente as duas coisas que eu menos tenho na vida. Por outro lado, não quero continuar como o sujeito burro lá do livro que continuava indo sempre ao mesmo lugar esperando um resultado diferente do obtido da última vez.

O problema é que não emagreço um grama há 11 dias, mesmo consumindo as mesmas 1500 calorias de antes e escapando da dieta ainda menos do que antes. Tem que manter a mente quieta e a espinha ereta pra não enlouquecer. Imaginei eu mesma duas explicações possíveis para essa parada: ou eu estou num dos famosos "platôs", o que eu acho meio cedo para acontecer, ou se deve à proximidade de um certo momento do mês, o que me parece mais provável, embora eu esteja achando um período de tempo muito longo para atribuir a estagnação somente a isso.

Conclusão? Não sei, não tenho nenhuma. Alguém tem uma conclusão para me vender? Pago bem. Mentira, pago mal, não tenho dinheiro nem pra fazer a dieta da nutricionista, que dirá para comprar conclusão. Bom, o que eu vou fazer? Esperar a bendita vir e ver se é disso que se trata. Se não for, vou apertar um pouco o cinto da dieta. Reduzir em umas 200 calorias por dia e cortar o álcool por uma semana, pra ver se engata de novo. Don't cry for me, Argentina!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Um mês, enfim

Amanhã se encerra o primeiro (longo) mês de dieta. Numericamente falando (acho que estou um pouco contaminada pelo ambiente quantitativo do mercado financeiro), 4,9 kg foram pro ralo. Não parece muito, especialmente para quem tem que emagrecer tanto, mas pense que é praticamente um sacão de arroz. Como tenho tendências à auto-indulgência, resolvi me presentear com um vestido novo (pelo menos não foi com comida, embora não possa negar que isso tenha passado seriamente pela minha mente gorda).

Mas acho que o mais importante, neste primeiro momento, está menos ligado ao peso e mais a uma espécie de auto-conhecimento. Ou de re-auto-conhecimento, já que, na verdade, eu sabia de tudo isso que vou falar agora, mas ou bem havia esquecido ou bem fazia de conta que não sabia. É a famosa negação.

E do que se trata então? Trata-se de conhecer os próprios mecanismos. Neste 30 dias anotando calorias, monitorando o peso diariamente, prestando atenção ao que é ingerido, eu cheguei a algumas conclusões. A primeira delas é que o calcanhar de Aquiles é mesmo o álcool. E não adianta algumas pessoas à minha volta falarem para eu parar de beber de vez, porque isso simplesmente não vai acontecer.

Não que eu seja a maior alcoólatra da face da Terra, mas o álcool faz parte da minha socialização. É o momento em que eu relaxo, converso com os amigos. É também um dos momentos em que eu deixo de ser "sócia" do meu marido e volto a ser amiga, namorada, que a gente bate papo, dá risada. É isso, ele tem um papel importante. Então ele fica.

Mas tem uma coisa que eu sei de longa data. Quando dou uma escapadela da dieta, fica muito mais difícil voltar. Passo várias dias seguidos ingerindo as benditas 15000 calorias. No começo é difícil, mas depois o corpo vai se acostumando. Aí dou aquela enfiada de pé na jaca um dia (ou um final de semana inteiro, para ser honesta). E, na segunda-feira, fica de novo difícil comer apenas 1500 calorias. Dá uma fome de diabo da Tasmânia.

A parte positiva é que tenho conseguido voltar. O lado negativo é que existem, na verdade, vários lados negativos. O primeiro é esse aí que falei acima: fica mais difícil voltar. E, embora esteja conseguindo voltar sempre, quem garante que eu vá continuar conseguindo? Se você fica sempre testando o que é mais difícil para você, aumenta a probabilidade de que uma hora você não consiga mais fazer aquilo.

Outro aspecto ruim dessa história é que uma noite de álcool significa pelo menos dois dias sem emagrecer um grama. Se eu tomar algumas cervejas numa noite, passo dois dias sem emagrecer. Se eu enfiar o pé na jaca durante um final de semana inteiro, como fiz na praia, engordo 1 kg, que foram suados para perder e que terão de ser suados novamente. Ou seja, é quase uma semana inteira jogada no lixo.

Imagino que, se não fosse pelo álcool, talvez eu tivesse emagrecido algo entre 6 kg e 7 kg neste mês. Então alguma coisa precisa ser feita. Fevereiro tem duas metas. Uma é esta: reduzir o consumo de álcool. Em vez de beber todo final de semana, vou intercalar: bebo um sim, um não. Isso já seria reduzir o consumo pela metade. E tem que ficar restrito a uma noite só.

A outra meta é colocar o exercício direito na jogada. Academia três vezes por semana, hein, dona Alessandra? Eu preciso desesperadamente de exercício, não só (mas também) para emagrecer e tonificar, mas principalmente para ganhar agilidade, que eu me sinto muito "entrevada", como uma velha de 92 anos (não mais do que isso, tá?). Então preciso, preciso, preciso. Probleminha: isso envolve abrir mão de horas de sono, o que me dá um desespero antecipado. Mas é isso aí, a vida é assim mesmo, ninguém disse que seria fácil, no pain, no gain e todos os outros chavões do gênero de que vocês conseguirem se lembrar. Move that fat ass!

Agora deixo vocês com uma foto tirada ontem, exatamente com a mesma roupa de um mês atrás, quando comecei a dieta (e este blog). Dá para notar alguma diferença? Vamos fazer assim: sejam honestos, sem passar pano na realidade, OK? Prometo não magoar nem guardar rancor secretamente de quem disser que eu continuo tão gorda quanto sempre. E pelamordedeus, deixem algum comentário, que eu me sinto a maior solitária das galáxias escrevendo para o além. Feedback, people!

Eu, 5 kg menos gorda do que há 30 dias.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Vida de gordo

A dieta segue o seu caminho. Tive uma bela recaída no final de semana. Fui pra praia com uma amiga e bebi em quantidades industriais. E o álcool, como já comentei, além de ser calórico, me deixa com uma fome louca no dia seguinte. O resultado foi que na segunda-feira eu estava 1,3 kg mais gorda do que na sexta. Fiquei puta. A mini-vitória foi que eu consegui retomar a dieta durante a semana (e essa sempre foi minha maior dificuldade) e já perdi 1 kg depois disso. Mas deu um atraso de 5 dias na vida. A lição da semana é que dá para enfiar meio pé na jaca uma noite de vez em quando, mas não um final de semana inteiro. Bom, agora é bola pra frente.

Nesta semana, porém, não queria falar da minha dieta nem de quanto emagreci ou deixei de emagrecer. Vou contar um pouco sobre como é ser gordo, como é a vida de um gordo. E vou dizer que este post está na categoria "coisas-inconfessáveis-com-grande-potencial-de-me-deixar-constrangida".

Ao longo desses muitos anos de excesso de peso eu fui anotando mentalmente todos os males que o gordo sofre. Alguns são bem evidentes, como a estética e a saúde. Outros são muito mais sutis.

Vou listar aqui tudo o que eu me lembro, mesmo aquelas coisas que me causam constrangimento de dizer, começando pelas mais óbvias e seguindo pelas menos evidentes.

Vamos lá.

  • A saúde - Quando eu estava de licença-maternidade, em 2008, fiz os exames básicos de colesterol, glicemia, triglicérides. Estava tudo beleza, como sempre. Em 2011, com 110 kg, fiz um check up. Não estava mais tudo beleza. No ano passado fiz de novo. Continuava alto. Não super alto, mas acima dos níveis normais. O médico disse com todas as letras que era o peso e a alimentação de forma geral. Nem precisava dizer, né? Eu posso ser gorda, mas não sou burra. Aliás, isso é uma coisa que sempre me impressiona: por que diabos alguém vem te dizer que você precisa emagrecer? Por acaso a pessoa acha que você não tem espelho, não percebe que tá gordo, não vê que suas roupas não servem mais? Pelamor, deixem o gordo em paz! Ele só vai deixar de ser gordo quando ele mesmo tomar a decisão. Quando não for este o caso, você só vai constrangê-lo.
  • A estética - Sabe aquela roupa linda que você viu na revista, com um visual que é a sua cara (ou que você imagina que seja a sua cara)? Então, você não vai poder usar, porque aquela roupa não existe do seu tamanho. Ou, mesmo que exista, quando você vesti-la, logo vai perceber que no seu corpo o efeito é bem diferente daquele que você tinha visto na sua amiga maravilhosa. Além disso, acho que existe algum manual que circula pelas confecções e que determina que, quando uma pessoa engorda, ela também cresce. Então a pobre gordinha baixinha, que é a que mais existe no mundo, é obrigada a conviver com mangas compriiiiiidas, ombros larrrrgos e calças compriiiiiidas.
  • Opções - As lojas de roupa pra gente "normal" vão até o 44. No máximo até o 46 e ainda assim só algumas. Então você tem que comprar em lojas de roupa pra gordo. Não são muitas e, em geral, as roupas são medonhas e só caem no gosto daquele tipo de mulher que compra aquelas joias que são vendidas pela televisão, o Medalhão Persa, sabe qualé?
  • Limitações - As limitações físicas do gordo são muitas. Eu penso duas vezes antes de abaixar para pegar qualquer coisa que tenha caído no chão. Também penso duas vezes antes de comprar aquelas sandalinhas com fivelinha do lado, porque fechar aquilo é uma tortura. Não consigo me mover em restaurantes em que as mesas são apertadas, porque não caibo no espaço entre uma cadeira e outra. Você pode por conta própria pensar em outras situações impublicáveis em que o excesso de peso seja limitador.
  • A invisibilidade social - Sabe quando a galera se reúne e combina de ir para a balada, mas antes fazer um esquenta na casa de um deles? Pois é, há uma grande de o gordo não ser convidado. Não sei quantas vezes eu já vi isso à minha volta. Hoje em dia menos, porque estou mais velha, tenho filho, então já não seria convidada de qualquer jeito, mas antes... Era batata! Era como se eu não estivesse ali. Ou sabe quando a mulherada se reúne para falar de roupa, moda, maquiagem, outras mulheres etc.? O gordo também não é lembrado para participar dessas conversas.
  • O preconceito - Ao longo do tempo, ficou totalmente politicamente incorreto falar mal de qualquer classe de pessoas. Além de politicamente incorreto, é crime. Não pode haver discriminação de gênero, de raça nem de classe social. E, por mais preconceituosa que a pessoa seja no seu íntimo, dificilmente ela solta em público uma das suas barbaridades contra qualquer pessoa que preencha um dos requisitos que mencionei acima. Com gordo não é assim. As pessoas falam em alto e bom som para quem quer que seja que não gostam de gordo, que gordo é preguiçoso, que não contratou alguém porque era gordo ou que demitiu alguém porque era gordo, que todo gordo é infeliz e por aí vai. Além disso, parece que existe alguma coisa engraçada em ser gordo, que eu não sei bem o que é.  Quando alguém diz que fulano de tal é gordo, sempre vem acompanhado de uma risadinha. Juro que não entendo a graça, mas talvez o tópico seguinte ajude a esclarecer.
  • O engraçado - Ser engraçado é o antídoto contra a invisibilidade social. Olhe ao seu redor e veja quem é gordo. Você vai encontrar duas categorias: o tímido e o engraçado. Pense em quantos humoristas são gordos. Especialmente os mais antigos... Chega a ser caricato. Esse foi o meu caminho. Já tenho uma verve naturalmente piadista, mas não tenho a menor dúvida que o humor foi e continua sendo um meio de inserção social para mim.
É isso. Imagino que quem não é gordo possa achar que eu estou exagerando um pouquinho, mas tenho certeza de que quem é (ou foi em algum momento) vai se identificar. Acho inútil lutar contra o sistema e combater o estigma, o preconceito etc. Não quis fazer um post panfletário contra "tudo isso que está aí", não, só estou registrando as percepções que tive ao longo da vida em relação ao tema. Além do mais, os outros que se lasquem, né? Se tem uma coisa que aprendi com a geração Y é a ter uma auto-estima inabalável.

O próximo post será no dia 31 de janeiro, com um balanço de 1 mês de dieta. Conseguirei eu me manter firme e forte e emagrecer pelo menos o que havia me proposto?

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Segura o tchan!

A dieta completa a segunda semana. Ou reeducação alimentar, como dizem agora. Tá menos difícil. Bem menos difícil. Mas eu virei uma daquelas pessoas, sabe? Todo mundo conhece uma dessas pessoas. Aquelas pessoas próximas de você que entram em dieta e só falam disso. Estragam o almoço de todo mundo. Eu sou uma dessas. Impossível não ser. Quando você é obrigada a mudar demais os seus hábitos (qualquer hábito, não só comer), isso exige uma atenção absurda. Você tem que prestar atenção no que está ingerindo e planejar a próxima (ou próximas) refeição. Então não sai da sua cabeça. E você tem que aprender quantas calorias tem cada coisa. Então vira a psica das calorias.

Mas o fato é que funciona que é uma beleza. Nessas duas semanas 3,2 kg se despediram do corpitcho. Adiós. Hasta la vista, baby. Até nunca mais. E não tem segredo, né? É isso aí. Come menos, come melhor, nos horários certos, cuidado com os alimentos muito calóricos. Provavelmente vai chegar um momento em que as 1500 calorias diárias terão que ser reduzidas, talvez primeiro para 1200, depois para 1000. Mas a mentalidade AA de um passo de cada vez prevalece. Tá funcionando assim, com as 1500. Então vamos assim enquanto estiver funcionando.

Nessas duas semanas também descobri o que eu consigo e o que não consigo. Consigo eliminar doce, refrigerante, fritura e gordura com pouco sofrimento. Não consigo eliminar nem pão nem arroz. Consigo trocar o pão e o arroz brancos pelos integrais. Consigo comer salada todos os dias, legumes. Tudo feliz e contente. Tenho a sorte de ser o tipo de gorda que gosta de tudo, absolutamente tudo.

E o que eu não consigo? Eliminar o álcool. Toda sexta-feira saio do trabalho com o diabo no corpo, doida pra tomar umas. E percebi que eliminar isso traria um grande sofrimento. Só a ideia de eliminar isso já traz sofrimento. Isso porque eu acho que não posso beber, mas acabo bebendo do mesmo jeito. Aí me sinto culpada por ter bebido.

Então foda-se, o álcool não será eliminado. A proposta é beber menos. Em geral eu tomaria muitas e muitas cervejas. Em vez disso, levei pra casa uma garrafa de vinho e rachei com o maridón. Tomei meia garrafa de vinho. Melhor do que as muitas e muitas cervejas. Vou manter assim. Supre um pouco a minha fissura e detona menos o regime.

Também não consegui ainda inserir os exercícios na parada. Queria muito. Eu gosto de fazer exercício. Me sinto muito bem. Mas simplesmente não consigo acordar mais cedo. Acho que o próximo foco é esse. Começar fazendo uma atividade uma vez por semana e ir aumentando aos poucos.

Agora as roupas estão mais larguinhas ou, pelo menos, não estão mais gritando quando eu as visto. E a dieta está servindo para uma coisa que eu queria muito: produzir uma notícia positiva para mim mesma, especialmente depois de um ano meio de merda como foi 2012. E a recompensa é sempre maior quando vem do esforço. Muito esforço. Happy! Cheers!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Primeiro balanço da balança (com o perdão do trocadilho)

Antes de escrever sobre meus problemas de peso e a decisão de fazer a dieta, eu pensei muito. Escrevi e deixei ele ali, pensando se publicava ou não. Também pensei em publicar, mas não colocar no face, deixar  bem mais escondido e, consequentemente, me expor menos. Por fim, decidi que não dava pra viver a meio pau. Ou ficava na minha ou escancarava o problema. Vocês já sabem qual foi a decisão.

O post bombou. Teve 159 visitantes únicos, mais do que o dobro do segundo colocado em audiência. Conclusão lógica: o assunto tem muito mais apelo entre as pessoas do que os problemas da Crackolândia, que era o tema original deste blog.

Recebi inúmeras mensagens e e-mails, de apoio, de dicas, sugestões. Aproveitei algumas, outras não. Mas fiquei imensamente feliz e um pouco surpresa de ver o quanto as pessoas querem o bem das outras. Foi legal demais.

E teve uma coisa engraçada. Eu percebi que várias pessoas vinham falar comigo supostamente pra me dar uma dica, mas queriam mesmo era desabafar. Começava me dando uma sugestão e logo estava contando toda a sua vida, batalha contra a balança, idas e vindas com o peso etc. Cheguei à conclusão de que as pessoas queriam tirar esse peso das costas (com ou sem trocadilho, tanto faz), porque a questão do peso me parece ser um tabu ainda maior do que, sei lá, sexo grupal.

Bom, nestes últimos dias aprendi ou reaprendi várias coisas. Primeiro tive que lembrar que dieta exige mais do que qualquer coisa planejamento. Você tem que ir ao mercado, tem que ir ao sacolão, tem que abastecer a casa de coisas saudáveis, tem que levar o lanchinho saudável pro trabalho. Não parece muito difícil, né? Mas, para quem viveu os últimos 10 anos ao sabor das ondas, exige um grau de atenção que não é brincadeira.

E como foram esses dias? O primeiro dia foi um fracasso retumbante. Eu havia me estipulado um máximo de 1500 calorias diárias. Chegou ao final do dia, eu havia ingerido umas 1800 calorias. E estava com fome. Tentei dormir cedo para esquecer, mas não consegui. Fiquei 4 horas na cama e não consegui dormir. Aí levantei e comi umas coisas, inclusive um bombom. Aí me senti uma idiota e chorei. Pelo menos consegui dormir.

No dia seguinte eu me liguei que não ia rolar viver daquele jeito e resolvi encarar o tal planejamento. Abasteci a casa e comecei a me programar. Mas logo percebi que 1500 calorias era uma meta muito ambiciosa para quem estava acostumado a comer muito mais. Segundo o meu super aplicativo de contar calorias, pelo meu peso, com 1900 calorias diárias eu já emagreceria gradualmente. Então entrei nessa: não ultrapassar 1900 calorias e tentar me aproximar das 1500 calorias. O segundo dia foi bem.

O terceiro dia também estava indo maravilhosamente bem, até eu me perder justo na quadra da Rosas de Ouro e um copo de 700 ml de vodka com energético se jogar em cima de mim. E, como eu não sou mulher de fugir da briga, rebati a vodka com algumas latinhas de cerveja. Resultado: 2455 calorias, o dia mais fracassado.

E o pior do álcool é que ele estraga aquele dia de dieta e o dia seguinte, porque eu sinto uma fome louca no dia seguinte. Mas, como eu estou muito determinada a fazer isso dar certo, fui ao parque, caminhei e ingeri só 1650 calorias. Mesmo assim, o ritmo de emagrecimento, que vinha se mantendo a cada dia, ficou 2 dias estagnado. Holy shit!

O domingo foi o dia mais desafiador. Churrascão na casa de amigo, um monte de comidas gostosas e a cerveja rolando solta. Segurei o tchan de forma irracional e fiquei dentro da dieta. Ufa. De lá pra cá foi tranquilo. Hoje teve aniversário de uma colega num rodízio árabe e descobri que comida árabe é absurdamente calórica. O almoço me custou a bagatela de 976 calorias. E eu juro por deus que comi pouco. O resultado é que sobrou pouca caloria pro resto do dia. Hoje é uma daquelas noites em que eu vou dormir com um copo de água no estômago.

De qualquer forma mandei pro espaço 1,5 kg nesta semana. E me sinto infinitamente melhor e mais bem disposta. Pode ser apenas porque eu estou sugestionada. Não importa. Se você se sente mal, tem que procurar as causas. Mas, se você se sente bem, pode apenas aproveitar o momento.

Amanhã vou ter minha primeira consulta com a nutricionista. Espero que ajude um pouco mais. E, como eu continuo preguiçosa, arrumei uma nutricionista que atende em domicílio. Minha meta para os próximos 7 dias é conseguir me manter dentro das 1500 calorias e não tocar o foda-se em nenhum dia. Depois estabeleço outra meta, tipo acrescentar exercícios. Um passo de cada vez. Bem AA mesmo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Mesmo blog, mais um tema

Desta vez a razão pela qual  fiquei sem postar durante meses não foi a falta de tempo. Foi pura falta de assunto mesmo. Para que eu não repetisse mais do mesmo (noias, lixo, degradação), teria que me dedicar ao assunto, pesquisar, andar mais pelo centro, de preferência munida de uma máquina fotográfica. E eu não vou fazer isso.

Ou até posso fazer, como fiz na última semaninha de férias, mas certamente não por causa do blog. Faria (ou farei) só porque é legal e porque adoro passear por lá. E postaria (ou postarei) aqui porque gosto de escrever minhas bobagens, mas não queria ter essa obrigação. Já tenho muitas obrigações das quais não posso me livrar para arrumar mais uma assim, de graça.

Dito isso, vou aproveitar este blog para lançar mais um tema: o da minha dieta. Todo ano eu, assim como outras zilhões de pessoas, estabeleço as minhas metas. E todo ano o item emagrecer está lá na lista. E sempre junto com tantas outras coisas: tirar a certificação XPTO, avançar na carreira, ajudar o marido a ajeitar a vida, fazer uma pós, comprar o apto, tirar habilitação, comprar um carro, reformar a sala, ler tantos livros, conhecer alguns lugares que ficam na minha mente e por aí vai. O resultado é que eu faço tudo (ou quase tudo), menos a bendita dieta. E assim sempre estou mais gorda no dia 31 de dezembro do que estava no dia 1º de janeiro do mesmo ano.

Assim, nesses últimos 10 anos, 55 kg entraram neste corpitcho. Ou mais uma de mim. Quem me conhece sabe que sempre fui gordinha. Fiz várias dietas (o clássico) e fiquei bem por alguns períodos. Depois engordo de novo. E mais do que antes (tb clássico).

Com uns 22 anos, eu cheguei a pesar 59 kg. Comecei a namorar um menino. Tinha um trabalho estressante e uma estrutura familiar desmoronando. Voltei a engordar. Quando estava com 86 kg, ele me deu um pé. Eu tinha 28 anos. Ele disse com todas as letras que não gostava de mulher gorda. Aí saiu pra comprar uma antena e nunca mais voltou. Eu sofri, sofri, sofri. Imagina, a pessoa te largar dizendo na sua cara que você tá gorda, que não gosta de mulher gorda e passar bem.

Isso me fez muito mal, mas também me fez muito bem. Obviamente fez mal porque terminou de detonar uma auto-estima que já não andava lá grande coisa (todo mundo que engorda sabe do que estou falando).

Por outro lado, fez muito bem, e em diversos sentidos. Primeiro, porque o cara não era grandes coisas e foi um favor que ele me fez saindo da minha vida, já que eu sou a pessoa mais resistente do mundo para terminar relacionamentos e tento, tento, tento e tento mesmo quando não tem mais o que sair dali.

Segundo porque tenho uma boa história para contar aos amigos, já que a última vez que nos vimos ele me pediu para comprar uma antena de TV (R$ 29,90, jamais me esquecerei) pra ele e foi a última coisa que fizemos juntos. É a versão antena do cara que sai pra comprar cigarros e nunca mais volta.

Em terceiro lugar, eu vivi uma fase muito feliz logo em seguida. Tinha um emprego relativamente light e tempo disponível. Fazia kung fu e dança contemporânea. Voltei pros 75 kg, estava me sentindo ótima. Aí... Mudei de emprego e conheci o futuro marido. O trabalho era puxadíssimo e relacionamentos estáveis têm um efeito terrível sobre o peso. O ponteiro foi pra 106 kg em 3 anos.

Para quem está cansado de ler (se é que alguém lê), aviso que a saga tá mais ou menos no fim.

Em 2007, engravidei. Com 106 kg. Entrei em pânico, pensando pra qual patamar isso me levaria. Segurei o que pude. Funcionou. Engordei só 7 kg durante a gestação. Ufa! Logo descobri que bebês são o melhor remédio que existe pra emagrecer. Voltei da licença-maternidade pesando 92 kg. Estava determinada a dar um gás pra continuar a emagrecer e chegar num peso de gente.

Deu certo? Claro que não, senão este post não existiria. Engordei mais e mais nos últimos 4 anos e meio. E cheguei onde estou agora: 115 kg. Obesidade mórbida. Essa sou eu aí embaixo, com a pequena e um cidadão no meio que não sei quem é.

E não dá mais, né? Não quero mais essa vida pra mim. E não tem saída fácil. Nem a cirurgia é uma saída fácil. Na verdade, acho que é a mais difícil. E não quero entrar na faca. Também não quero tomar remédio. Só sobrou uma saída: controlar a alimentação, fazer exercícios e tentar manter a mente em dia. Difícil bagarai.

Como eu só sei fazer uma coisa da vida, que é escrever (e ainda assim há controvérsias de que eu faça isso bem), resolvi fazer deste blog um diário da minha dieta. A ideia é que isso sirva quase como uma consulta mensal com a nutricionista, quando você se pesa, sabe? Você faz a dieta porque não quer passar vergonha naquele momento. Então esta é uma sessão pública de auto-flagelo.

Vocês podem ter certeza de que não é nada fácil escrever todos esses números aí em cima, que não eram conhecidos por ninguém, nem pelo marido, a pessoa de quem eu tenho menos vergonha no mundo. O bom é que eu sempre posso pensar que é melhor do que a situação do Ronaldo, que teve que se pesar em rede nacional. O downside é que ninguém quer pagar R$ 6 milhões para eu ficar no shape.

A proposta é a seguinte: eu vou postando aqui, contando como vai a dieta, avanços e recaídas. Ao final de cada mês, posto uma foto minha. A meta é eliminar 2 kg por mês, o que me parece bem factível. Se isso for alcançado, terminarei o ano com 91 kg. A meta final vai ser algo entre 60 kg e 70 kg, mas depois penso num número mais preciso. Vou lidar com a deste ano primeiro, porque tenho certeza de que os primeiros meses serão os mais difíceis e cruciais para o sucesso (ou fracasso) da empreitada.


Bom, desejo a mim mesma boa sorte.