quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Um mês, enfim

Amanhã se encerra o primeiro (longo) mês de dieta. Numericamente falando (acho que estou um pouco contaminada pelo ambiente quantitativo do mercado financeiro), 4,9 kg foram pro ralo. Não parece muito, especialmente para quem tem que emagrecer tanto, mas pense que é praticamente um sacão de arroz. Como tenho tendências à auto-indulgência, resolvi me presentear com um vestido novo (pelo menos não foi com comida, embora não possa negar que isso tenha passado seriamente pela minha mente gorda).

Mas acho que o mais importante, neste primeiro momento, está menos ligado ao peso e mais a uma espécie de auto-conhecimento. Ou de re-auto-conhecimento, já que, na verdade, eu sabia de tudo isso que vou falar agora, mas ou bem havia esquecido ou bem fazia de conta que não sabia. É a famosa negação.

E do que se trata então? Trata-se de conhecer os próprios mecanismos. Neste 30 dias anotando calorias, monitorando o peso diariamente, prestando atenção ao que é ingerido, eu cheguei a algumas conclusões. A primeira delas é que o calcanhar de Aquiles é mesmo o álcool. E não adianta algumas pessoas à minha volta falarem para eu parar de beber de vez, porque isso simplesmente não vai acontecer.

Não que eu seja a maior alcoólatra da face da Terra, mas o álcool faz parte da minha socialização. É o momento em que eu relaxo, converso com os amigos. É também um dos momentos em que eu deixo de ser "sócia" do meu marido e volto a ser amiga, namorada, que a gente bate papo, dá risada. É isso, ele tem um papel importante. Então ele fica.

Mas tem uma coisa que eu sei de longa data. Quando dou uma escapadela da dieta, fica muito mais difícil voltar. Passo várias dias seguidos ingerindo as benditas 15000 calorias. No começo é difícil, mas depois o corpo vai se acostumando. Aí dou aquela enfiada de pé na jaca um dia (ou um final de semana inteiro, para ser honesta). E, na segunda-feira, fica de novo difícil comer apenas 1500 calorias. Dá uma fome de diabo da Tasmânia.

A parte positiva é que tenho conseguido voltar. O lado negativo é que existem, na verdade, vários lados negativos. O primeiro é esse aí que falei acima: fica mais difícil voltar. E, embora esteja conseguindo voltar sempre, quem garante que eu vá continuar conseguindo? Se você fica sempre testando o que é mais difícil para você, aumenta a probabilidade de que uma hora você não consiga mais fazer aquilo.

Outro aspecto ruim dessa história é que uma noite de álcool significa pelo menos dois dias sem emagrecer um grama. Se eu tomar algumas cervejas numa noite, passo dois dias sem emagrecer. Se eu enfiar o pé na jaca durante um final de semana inteiro, como fiz na praia, engordo 1 kg, que foram suados para perder e que terão de ser suados novamente. Ou seja, é quase uma semana inteira jogada no lixo.

Imagino que, se não fosse pelo álcool, talvez eu tivesse emagrecido algo entre 6 kg e 7 kg neste mês. Então alguma coisa precisa ser feita. Fevereiro tem duas metas. Uma é esta: reduzir o consumo de álcool. Em vez de beber todo final de semana, vou intercalar: bebo um sim, um não. Isso já seria reduzir o consumo pela metade. E tem que ficar restrito a uma noite só.

A outra meta é colocar o exercício direito na jogada. Academia três vezes por semana, hein, dona Alessandra? Eu preciso desesperadamente de exercício, não só (mas também) para emagrecer e tonificar, mas principalmente para ganhar agilidade, que eu me sinto muito "entrevada", como uma velha de 92 anos (não mais do que isso, tá?). Então preciso, preciso, preciso. Probleminha: isso envolve abrir mão de horas de sono, o que me dá um desespero antecipado. Mas é isso aí, a vida é assim mesmo, ninguém disse que seria fácil, no pain, no gain e todos os outros chavões do gênero de que vocês conseguirem se lembrar. Move that fat ass!

Agora deixo vocês com uma foto tirada ontem, exatamente com a mesma roupa de um mês atrás, quando comecei a dieta (e este blog). Dá para notar alguma diferença? Vamos fazer assim: sejam honestos, sem passar pano na realidade, OK? Prometo não magoar nem guardar rancor secretamente de quem disser que eu continuo tão gorda quanto sempre. E pelamordedeus, deixem algum comentário, que eu me sinto a maior solitária das galáxias escrevendo para o além. Feedback, people!

Eu, 5 kg menos gorda do que há 30 dias.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Vida de gordo

A dieta segue o seu caminho. Tive uma bela recaída no final de semana. Fui pra praia com uma amiga e bebi em quantidades industriais. E o álcool, como já comentei, além de ser calórico, me deixa com uma fome louca no dia seguinte. O resultado foi que na segunda-feira eu estava 1,3 kg mais gorda do que na sexta. Fiquei puta. A mini-vitória foi que eu consegui retomar a dieta durante a semana (e essa sempre foi minha maior dificuldade) e já perdi 1 kg depois disso. Mas deu um atraso de 5 dias na vida. A lição da semana é que dá para enfiar meio pé na jaca uma noite de vez em quando, mas não um final de semana inteiro. Bom, agora é bola pra frente.

Nesta semana, porém, não queria falar da minha dieta nem de quanto emagreci ou deixei de emagrecer. Vou contar um pouco sobre como é ser gordo, como é a vida de um gordo. E vou dizer que este post está na categoria "coisas-inconfessáveis-com-grande-potencial-de-me-deixar-constrangida".

Ao longo desses muitos anos de excesso de peso eu fui anotando mentalmente todos os males que o gordo sofre. Alguns são bem evidentes, como a estética e a saúde. Outros são muito mais sutis.

Vou listar aqui tudo o que eu me lembro, mesmo aquelas coisas que me causam constrangimento de dizer, começando pelas mais óbvias e seguindo pelas menos evidentes.

Vamos lá.

  • A saúde - Quando eu estava de licença-maternidade, em 2008, fiz os exames básicos de colesterol, glicemia, triglicérides. Estava tudo beleza, como sempre. Em 2011, com 110 kg, fiz um check up. Não estava mais tudo beleza. No ano passado fiz de novo. Continuava alto. Não super alto, mas acima dos níveis normais. O médico disse com todas as letras que era o peso e a alimentação de forma geral. Nem precisava dizer, né? Eu posso ser gorda, mas não sou burra. Aliás, isso é uma coisa que sempre me impressiona: por que diabos alguém vem te dizer que você precisa emagrecer? Por acaso a pessoa acha que você não tem espelho, não percebe que tá gordo, não vê que suas roupas não servem mais? Pelamor, deixem o gordo em paz! Ele só vai deixar de ser gordo quando ele mesmo tomar a decisão. Quando não for este o caso, você só vai constrangê-lo.
  • A estética - Sabe aquela roupa linda que você viu na revista, com um visual que é a sua cara (ou que você imagina que seja a sua cara)? Então, você não vai poder usar, porque aquela roupa não existe do seu tamanho. Ou, mesmo que exista, quando você vesti-la, logo vai perceber que no seu corpo o efeito é bem diferente daquele que você tinha visto na sua amiga maravilhosa. Além disso, acho que existe algum manual que circula pelas confecções e que determina que, quando uma pessoa engorda, ela também cresce. Então a pobre gordinha baixinha, que é a que mais existe no mundo, é obrigada a conviver com mangas compriiiiiidas, ombros larrrrgos e calças compriiiiiidas.
  • Opções - As lojas de roupa pra gente "normal" vão até o 44. No máximo até o 46 e ainda assim só algumas. Então você tem que comprar em lojas de roupa pra gordo. Não são muitas e, em geral, as roupas são medonhas e só caem no gosto daquele tipo de mulher que compra aquelas joias que são vendidas pela televisão, o Medalhão Persa, sabe qualé?
  • Limitações - As limitações físicas do gordo são muitas. Eu penso duas vezes antes de abaixar para pegar qualquer coisa que tenha caído no chão. Também penso duas vezes antes de comprar aquelas sandalinhas com fivelinha do lado, porque fechar aquilo é uma tortura. Não consigo me mover em restaurantes em que as mesas são apertadas, porque não caibo no espaço entre uma cadeira e outra. Você pode por conta própria pensar em outras situações impublicáveis em que o excesso de peso seja limitador.
  • A invisibilidade social - Sabe quando a galera se reúne e combina de ir para a balada, mas antes fazer um esquenta na casa de um deles? Pois é, há uma grande de o gordo não ser convidado. Não sei quantas vezes eu já vi isso à minha volta. Hoje em dia menos, porque estou mais velha, tenho filho, então já não seria convidada de qualquer jeito, mas antes... Era batata! Era como se eu não estivesse ali. Ou sabe quando a mulherada se reúne para falar de roupa, moda, maquiagem, outras mulheres etc.? O gordo também não é lembrado para participar dessas conversas.
  • O preconceito - Ao longo do tempo, ficou totalmente politicamente incorreto falar mal de qualquer classe de pessoas. Além de politicamente incorreto, é crime. Não pode haver discriminação de gênero, de raça nem de classe social. E, por mais preconceituosa que a pessoa seja no seu íntimo, dificilmente ela solta em público uma das suas barbaridades contra qualquer pessoa que preencha um dos requisitos que mencionei acima. Com gordo não é assim. As pessoas falam em alto e bom som para quem quer que seja que não gostam de gordo, que gordo é preguiçoso, que não contratou alguém porque era gordo ou que demitiu alguém porque era gordo, que todo gordo é infeliz e por aí vai. Além disso, parece que existe alguma coisa engraçada em ser gordo, que eu não sei bem o que é.  Quando alguém diz que fulano de tal é gordo, sempre vem acompanhado de uma risadinha. Juro que não entendo a graça, mas talvez o tópico seguinte ajude a esclarecer.
  • O engraçado - Ser engraçado é o antídoto contra a invisibilidade social. Olhe ao seu redor e veja quem é gordo. Você vai encontrar duas categorias: o tímido e o engraçado. Pense em quantos humoristas são gordos. Especialmente os mais antigos... Chega a ser caricato. Esse foi o meu caminho. Já tenho uma verve naturalmente piadista, mas não tenho a menor dúvida que o humor foi e continua sendo um meio de inserção social para mim.
É isso. Imagino que quem não é gordo possa achar que eu estou exagerando um pouquinho, mas tenho certeza de que quem é (ou foi em algum momento) vai se identificar. Acho inútil lutar contra o sistema e combater o estigma, o preconceito etc. Não quis fazer um post panfletário contra "tudo isso que está aí", não, só estou registrando as percepções que tive ao longo da vida em relação ao tema. Além do mais, os outros que se lasquem, né? Se tem uma coisa que aprendi com a geração Y é a ter uma auto-estima inabalável.

O próximo post será no dia 31 de janeiro, com um balanço de 1 mês de dieta. Conseguirei eu me manter firme e forte e emagrecer pelo menos o que havia me proposto?

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Segura o tchan!

A dieta completa a segunda semana. Ou reeducação alimentar, como dizem agora. Tá menos difícil. Bem menos difícil. Mas eu virei uma daquelas pessoas, sabe? Todo mundo conhece uma dessas pessoas. Aquelas pessoas próximas de você que entram em dieta e só falam disso. Estragam o almoço de todo mundo. Eu sou uma dessas. Impossível não ser. Quando você é obrigada a mudar demais os seus hábitos (qualquer hábito, não só comer), isso exige uma atenção absurda. Você tem que prestar atenção no que está ingerindo e planejar a próxima (ou próximas) refeição. Então não sai da sua cabeça. E você tem que aprender quantas calorias tem cada coisa. Então vira a psica das calorias.

Mas o fato é que funciona que é uma beleza. Nessas duas semanas 3,2 kg se despediram do corpitcho. Adiós. Hasta la vista, baby. Até nunca mais. E não tem segredo, né? É isso aí. Come menos, come melhor, nos horários certos, cuidado com os alimentos muito calóricos. Provavelmente vai chegar um momento em que as 1500 calorias diárias terão que ser reduzidas, talvez primeiro para 1200, depois para 1000. Mas a mentalidade AA de um passo de cada vez prevalece. Tá funcionando assim, com as 1500. Então vamos assim enquanto estiver funcionando.

Nessas duas semanas também descobri o que eu consigo e o que não consigo. Consigo eliminar doce, refrigerante, fritura e gordura com pouco sofrimento. Não consigo eliminar nem pão nem arroz. Consigo trocar o pão e o arroz brancos pelos integrais. Consigo comer salada todos os dias, legumes. Tudo feliz e contente. Tenho a sorte de ser o tipo de gorda que gosta de tudo, absolutamente tudo.

E o que eu não consigo? Eliminar o álcool. Toda sexta-feira saio do trabalho com o diabo no corpo, doida pra tomar umas. E percebi que eliminar isso traria um grande sofrimento. Só a ideia de eliminar isso já traz sofrimento. Isso porque eu acho que não posso beber, mas acabo bebendo do mesmo jeito. Aí me sinto culpada por ter bebido.

Então foda-se, o álcool não será eliminado. A proposta é beber menos. Em geral eu tomaria muitas e muitas cervejas. Em vez disso, levei pra casa uma garrafa de vinho e rachei com o maridón. Tomei meia garrafa de vinho. Melhor do que as muitas e muitas cervejas. Vou manter assim. Supre um pouco a minha fissura e detona menos o regime.

Também não consegui ainda inserir os exercícios na parada. Queria muito. Eu gosto de fazer exercício. Me sinto muito bem. Mas simplesmente não consigo acordar mais cedo. Acho que o próximo foco é esse. Começar fazendo uma atividade uma vez por semana e ir aumentando aos poucos.

Agora as roupas estão mais larguinhas ou, pelo menos, não estão mais gritando quando eu as visto. E a dieta está servindo para uma coisa que eu queria muito: produzir uma notícia positiva para mim mesma, especialmente depois de um ano meio de merda como foi 2012. E a recompensa é sempre maior quando vem do esforço. Muito esforço. Happy! Cheers!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Primeiro balanço da balança (com o perdão do trocadilho)

Antes de escrever sobre meus problemas de peso e a decisão de fazer a dieta, eu pensei muito. Escrevi e deixei ele ali, pensando se publicava ou não. Também pensei em publicar, mas não colocar no face, deixar  bem mais escondido e, consequentemente, me expor menos. Por fim, decidi que não dava pra viver a meio pau. Ou ficava na minha ou escancarava o problema. Vocês já sabem qual foi a decisão.

O post bombou. Teve 159 visitantes únicos, mais do que o dobro do segundo colocado em audiência. Conclusão lógica: o assunto tem muito mais apelo entre as pessoas do que os problemas da Crackolândia, que era o tema original deste blog.

Recebi inúmeras mensagens e e-mails, de apoio, de dicas, sugestões. Aproveitei algumas, outras não. Mas fiquei imensamente feliz e um pouco surpresa de ver o quanto as pessoas querem o bem das outras. Foi legal demais.

E teve uma coisa engraçada. Eu percebi que várias pessoas vinham falar comigo supostamente pra me dar uma dica, mas queriam mesmo era desabafar. Começava me dando uma sugestão e logo estava contando toda a sua vida, batalha contra a balança, idas e vindas com o peso etc. Cheguei à conclusão de que as pessoas queriam tirar esse peso das costas (com ou sem trocadilho, tanto faz), porque a questão do peso me parece ser um tabu ainda maior do que, sei lá, sexo grupal.

Bom, nestes últimos dias aprendi ou reaprendi várias coisas. Primeiro tive que lembrar que dieta exige mais do que qualquer coisa planejamento. Você tem que ir ao mercado, tem que ir ao sacolão, tem que abastecer a casa de coisas saudáveis, tem que levar o lanchinho saudável pro trabalho. Não parece muito difícil, né? Mas, para quem viveu os últimos 10 anos ao sabor das ondas, exige um grau de atenção que não é brincadeira.

E como foram esses dias? O primeiro dia foi um fracasso retumbante. Eu havia me estipulado um máximo de 1500 calorias diárias. Chegou ao final do dia, eu havia ingerido umas 1800 calorias. E estava com fome. Tentei dormir cedo para esquecer, mas não consegui. Fiquei 4 horas na cama e não consegui dormir. Aí levantei e comi umas coisas, inclusive um bombom. Aí me senti uma idiota e chorei. Pelo menos consegui dormir.

No dia seguinte eu me liguei que não ia rolar viver daquele jeito e resolvi encarar o tal planejamento. Abasteci a casa e comecei a me programar. Mas logo percebi que 1500 calorias era uma meta muito ambiciosa para quem estava acostumado a comer muito mais. Segundo o meu super aplicativo de contar calorias, pelo meu peso, com 1900 calorias diárias eu já emagreceria gradualmente. Então entrei nessa: não ultrapassar 1900 calorias e tentar me aproximar das 1500 calorias. O segundo dia foi bem.

O terceiro dia também estava indo maravilhosamente bem, até eu me perder justo na quadra da Rosas de Ouro e um copo de 700 ml de vodka com energético se jogar em cima de mim. E, como eu não sou mulher de fugir da briga, rebati a vodka com algumas latinhas de cerveja. Resultado: 2455 calorias, o dia mais fracassado.

E o pior do álcool é que ele estraga aquele dia de dieta e o dia seguinte, porque eu sinto uma fome louca no dia seguinte. Mas, como eu estou muito determinada a fazer isso dar certo, fui ao parque, caminhei e ingeri só 1650 calorias. Mesmo assim, o ritmo de emagrecimento, que vinha se mantendo a cada dia, ficou 2 dias estagnado. Holy shit!

O domingo foi o dia mais desafiador. Churrascão na casa de amigo, um monte de comidas gostosas e a cerveja rolando solta. Segurei o tchan de forma irracional e fiquei dentro da dieta. Ufa. De lá pra cá foi tranquilo. Hoje teve aniversário de uma colega num rodízio árabe e descobri que comida árabe é absurdamente calórica. O almoço me custou a bagatela de 976 calorias. E eu juro por deus que comi pouco. O resultado é que sobrou pouca caloria pro resto do dia. Hoje é uma daquelas noites em que eu vou dormir com um copo de água no estômago.

De qualquer forma mandei pro espaço 1,5 kg nesta semana. E me sinto infinitamente melhor e mais bem disposta. Pode ser apenas porque eu estou sugestionada. Não importa. Se você se sente mal, tem que procurar as causas. Mas, se você se sente bem, pode apenas aproveitar o momento.

Amanhã vou ter minha primeira consulta com a nutricionista. Espero que ajude um pouco mais. E, como eu continuo preguiçosa, arrumei uma nutricionista que atende em domicílio. Minha meta para os próximos 7 dias é conseguir me manter dentro das 1500 calorias e não tocar o foda-se em nenhum dia. Depois estabeleço outra meta, tipo acrescentar exercícios. Um passo de cada vez. Bem AA mesmo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Mesmo blog, mais um tema

Desta vez a razão pela qual  fiquei sem postar durante meses não foi a falta de tempo. Foi pura falta de assunto mesmo. Para que eu não repetisse mais do mesmo (noias, lixo, degradação), teria que me dedicar ao assunto, pesquisar, andar mais pelo centro, de preferência munida de uma máquina fotográfica. E eu não vou fazer isso.

Ou até posso fazer, como fiz na última semaninha de férias, mas certamente não por causa do blog. Faria (ou farei) só porque é legal e porque adoro passear por lá. E postaria (ou postarei) aqui porque gosto de escrever minhas bobagens, mas não queria ter essa obrigação. Já tenho muitas obrigações das quais não posso me livrar para arrumar mais uma assim, de graça.

Dito isso, vou aproveitar este blog para lançar mais um tema: o da minha dieta. Todo ano eu, assim como outras zilhões de pessoas, estabeleço as minhas metas. E todo ano o item emagrecer está lá na lista. E sempre junto com tantas outras coisas: tirar a certificação XPTO, avançar na carreira, ajudar o marido a ajeitar a vida, fazer uma pós, comprar o apto, tirar habilitação, comprar um carro, reformar a sala, ler tantos livros, conhecer alguns lugares que ficam na minha mente e por aí vai. O resultado é que eu faço tudo (ou quase tudo), menos a bendita dieta. E assim sempre estou mais gorda no dia 31 de dezembro do que estava no dia 1º de janeiro do mesmo ano.

Assim, nesses últimos 10 anos, 55 kg entraram neste corpitcho. Ou mais uma de mim. Quem me conhece sabe que sempre fui gordinha. Fiz várias dietas (o clássico) e fiquei bem por alguns períodos. Depois engordo de novo. E mais do que antes (tb clássico).

Com uns 22 anos, eu cheguei a pesar 59 kg. Comecei a namorar um menino. Tinha um trabalho estressante e uma estrutura familiar desmoronando. Voltei a engordar. Quando estava com 86 kg, ele me deu um pé. Eu tinha 28 anos. Ele disse com todas as letras que não gostava de mulher gorda. Aí saiu pra comprar uma antena e nunca mais voltou. Eu sofri, sofri, sofri. Imagina, a pessoa te largar dizendo na sua cara que você tá gorda, que não gosta de mulher gorda e passar bem.

Isso me fez muito mal, mas também me fez muito bem. Obviamente fez mal porque terminou de detonar uma auto-estima que já não andava lá grande coisa (todo mundo que engorda sabe do que estou falando).

Por outro lado, fez muito bem, e em diversos sentidos. Primeiro, porque o cara não era grandes coisas e foi um favor que ele me fez saindo da minha vida, já que eu sou a pessoa mais resistente do mundo para terminar relacionamentos e tento, tento, tento e tento mesmo quando não tem mais o que sair dali.

Segundo porque tenho uma boa história para contar aos amigos, já que a última vez que nos vimos ele me pediu para comprar uma antena de TV (R$ 29,90, jamais me esquecerei) pra ele e foi a última coisa que fizemos juntos. É a versão antena do cara que sai pra comprar cigarros e nunca mais volta.

Em terceiro lugar, eu vivi uma fase muito feliz logo em seguida. Tinha um emprego relativamente light e tempo disponível. Fazia kung fu e dança contemporânea. Voltei pros 75 kg, estava me sentindo ótima. Aí... Mudei de emprego e conheci o futuro marido. O trabalho era puxadíssimo e relacionamentos estáveis têm um efeito terrível sobre o peso. O ponteiro foi pra 106 kg em 3 anos.

Para quem está cansado de ler (se é que alguém lê), aviso que a saga tá mais ou menos no fim.

Em 2007, engravidei. Com 106 kg. Entrei em pânico, pensando pra qual patamar isso me levaria. Segurei o que pude. Funcionou. Engordei só 7 kg durante a gestação. Ufa! Logo descobri que bebês são o melhor remédio que existe pra emagrecer. Voltei da licença-maternidade pesando 92 kg. Estava determinada a dar um gás pra continuar a emagrecer e chegar num peso de gente.

Deu certo? Claro que não, senão este post não existiria. Engordei mais e mais nos últimos 4 anos e meio. E cheguei onde estou agora: 115 kg. Obesidade mórbida. Essa sou eu aí embaixo, com a pequena e um cidadão no meio que não sei quem é.

E não dá mais, né? Não quero mais essa vida pra mim. E não tem saída fácil. Nem a cirurgia é uma saída fácil. Na verdade, acho que é a mais difícil. E não quero entrar na faca. Também não quero tomar remédio. Só sobrou uma saída: controlar a alimentação, fazer exercícios e tentar manter a mente em dia. Difícil bagarai.

Como eu só sei fazer uma coisa da vida, que é escrever (e ainda assim há controvérsias de que eu faça isso bem), resolvi fazer deste blog um diário da minha dieta. A ideia é que isso sirva quase como uma consulta mensal com a nutricionista, quando você se pesa, sabe? Você faz a dieta porque não quer passar vergonha naquele momento. Então esta é uma sessão pública de auto-flagelo.

Vocês podem ter certeza de que não é nada fácil escrever todos esses números aí em cima, que não eram conhecidos por ninguém, nem pelo marido, a pessoa de quem eu tenho menos vergonha no mundo. O bom é que eu sempre posso pensar que é melhor do que a situação do Ronaldo, que teve que se pesar em rede nacional. O downside é que ninguém quer pagar R$ 6 milhões para eu ficar no shape.

A proposta é a seguinte: eu vou postando aqui, contando como vai a dieta, avanços e recaídas. Ao final de cada mês, posto uma foto minha. A meta é eliminar 2 kg por mês, o que me parece bem factível. Se isso for alcançado, terminarei o ano com 91 kg. A meta final vai ser algo entre 60 kg e 70 kg, mas depois penso num número mais preciso. Vou lidar com a deste ano primeiro, porque tenho certeza de que os primeiros meses serão os mais difíceis e cruciais para o sucesso (ou fracasso) da empreitada.


Bom, desejo a mim mesma boa sorte.