domingo, 26 de fevereiro de 2012

Guerra e Paz

É clichê master dizer que, no Brasil, o ano só começa depois do Carnaval. Mas também se sabe que todo clichê tem lá sua razão de ser. Então estou aqui, inaugurando 2012 no domingo pós feriadão. Toda vez que leio alguma matéria sobre alguma coisa nova e legal acontecendo no centro eu me encho de esperança e sinto essa vontade de vir aqui escrever.

Hoje tem uma materinha na Folha (assinantes podem ler aqui) falando sobre a revitalização da praça Roosevelt. Primeiro vários grupos teatrais se instalaram ali. Agora a prefeitura prepara obras no local. Alguns comerciantes da região já se preparam para acompanhar as melhorias, enquanto outros ainda estão mais na linha do São Tomé. Não os culpo, porque realmente não é nada fácil confiar nesse poder público que temos. Ou não temos, sei lá.

Eu também vivo nesse pêndulo entre a esperança e a desesperança (ou será que o termo mais correto seria desespero?). Ontem, quando estava chegando em casa, pouco depois das 20h, a rua estava tomada pelos noias. Você tem que passar bem devagarzinho com o carro, não pode buzinar para não irritar os noias e tem que esperar que eles, de livre e espontânea vontade, saiam do meio da rua para você passar. É assustador, quase como se mexer no meio de uma manada. Não pode fazer movimentos bruscos.

Agora, do alto dos seus 4 anos bem vividos, minha filhinha começa a perceber que tem alguma coisa estranha no lugar onde mora. Ela adora ficar em casa. Se eu deixar, passa o dia todo vendo desenho e brincando com seus brinquedinhos na sala, feliz e contente. E sempre achou que a casa dela era o melhor lugar do mundo.

Pois bem. Hoje, brincando com ela, perguntei se ela gostava da casa dela. Ela respondeu de pronto que sim. Depois pensou um pouco e retificou: "mais ou menos". Eu perguntei por quê. Ela falou que a nossa casa não era tão bonita quanto a da tia Georgia ou da tia Mariana. Eu dei risada e fiquei pensando que ela tinha dito isso porque na casa delas tem piscina, que ela ama de paixão, e aqui não tem.

Depois, porém, me lembrei que ontem, quando estávamos chegando e a horda de noias estava pela rua, ela me pediu para chamar a polícia. Foi a primeira vez que eu percebi que ela tomava consciência do caos que nos rodeia. E fiquei imaginando se esse downgrade que ela deu na opinião sobre a nossa casa não estaria relacionado a isso.

É, morar aqui definitivamente não é uma escolha fácil. Enquanto eu estava chateada com essa nova visão da minha cria sobre o bairro, li a matéria da Folha sobre a revitalização da Roosevelt. E me lembrei também que uns dias antes li um post no blog da Raquel Cozer sobre a inauguração de novas livrarias no Centro. E em seguida me lembrei do festival do Baixo Centro que vai rolar no mês que vem. E depois me lembrei que a nova sede da Fatec em Santa Ifigênia tá ficando pronta e linda e que vai dar um super up na região. E também lembrei do novo Sesc na frente da escola da minha filha, que é lindo e agradável. E o pêndulo saiu de novo de uma ponta para outra.

Então, Guerra e Paz pra você também, irmão.