sexta-feira, 12 de abril de 2013

A pele que habito

O título deste post ia ser "Zona de conforto", mas, enquanto esperava o notebook ligar, me veio à mente esse outro título, que achei mais apropriado.Tudo isso para dizer que o tema deste post não está ligado ao filme do Almodóvar, mas a essa sensação de conforto e/ou desconforto na própria pele.

A palavra escrita é o território onde me sinto mais confortável na minha própria pele. Eu sento aqui com meu computadorzinho e o mundo desaparece por uns minutos. Sou capaz de uma concentração total, que não tenho na maioria das outras atividades que faço e que exigem, ao contrário, que eu seja capaz de dividir o foco em muitas coisas. Por isso escrevo este blog. No momento é este, mas já foi outro. E, antes dos blogs, escrevia diários. E, entre os diários e os blogs, escrevi vários textos de ficção que ficaram guardados pra mim mesma. Simplesmente preciso escrever.

Fora a escrita apenas algumas outras coisas produzem em mim esse sentimento de conforto. Uma delas é a água. Eu nado melhor do que ando e certamente infinitas vezes melhor do que corro. Não posso ver uma piscina que já me jogo. E fico lá, feliz e contente. Gosto da solidão da água, de não ouvir nada enquanto estou nadando, de me sentir deslizar, de ser leve na água. Meio parecida com a escrita, vocês não acham?

Por fim, meu último território é a comida. Comer, cozinhar, apetrechos de culinária, o ambiente da cozinha, produzir alguma coisa na hora (e ainda por cima gostoso), dividir com as pessoas, ter um momento agradável ali. Enfim, a comida é meu território e onde me sinto confortável na minha pele.

Nas últimas semanas tinha decidido dar um tempo do blog, porque não havia mais muito o que dizer. A dieta seguia o seu ritmo e eu vinha emagrecendo sempre um pouco. Os problemas continuavam os mesmos: o álcool semanal e a falta de exercícios. Ainda assim, perdi 12 kg ao todo. Sempre ali, contando as calorias, fazendo um esforço, saindo da minha zona de conforto, para usar essa expressão tão cara ao mundo corporativo.

Até que anteontem a gripe me pegou. E ontem e hoje, especialmente, ela me pegou de jeito. Fiquei com o pescoço duro, dor de cabeça, dor no corpo, febre, imprestável. Aí resolvi que ia parar de contar calorias por 2 dias e comer o que quisesse. Assim fiz, ontem e hoje. Resultado: 1 kg a mais. Implacável. Tipo um tapão bem dado na minha cara, para me lembrar que essa pele aí que eu habito foi o que me fez chegar até aqui.

E ela veio à tona no meio de uma outra situação que eu conheço bem: gripe e dor de garganta. Quem me conhece há algum tempo sabe que a minha garganta é uma entidade à parte. Tem a Alessandra Milanez e a Garganta. Quando essa dor se instala, eu sinto um desânimo imediato, porque sei tudo o que vem pela frente: a coisa vai piorando, piorando, piorando. Começa a afetar o ouvido, fico com tudo tapado, meio surda, uma tosse interminável, até que, por fim, me rendo e caio no antibiótico. São pelo menos dois meses às voltas com a Garganta. Essa situação de desconforto me jogou de volta por dois dias para os territórios em que me sinto melhor: a escrita e a comida.

Só que não pode, né, gente? Foi muito, muito esforço para emagrecer esses míseros 12 kg e eu não posso por a perder sempre que surge uma crise. Então beleza, vou voltar pro meu aplicativo de contar calorias e para o blog, que pode no máximo encher o saco dozamigo, mas pelo menos não engorda.

Amanhã estamos aí de volta, com café da manhã de 200 cal, almoço e jantar de 400 cal e outras 300 cal para distribuir entre os lanchinhos do dia. Com ou sem infecção na garganta. Favor deixar comentários motivacionais, que eu tô precisando.