sábado, 1 de setembro de 2012

Welcome aboard

Noite de sábado. Filha roncando na sala. Marido na balada. Para você restam um cupnoodles (vocês já viram quanto sódio tem num cupnoodles? Um escândalo!) e um filme dublado da Meg Ryan. Bad, isn't it? Not really. Primeiro porque é bom poder ver uma comédia romântica babaca sem o marido bufando de ódio ao meu lado. Segundo, e mais importante, obviamente, porque esse é o primeiro tempinho que tenho exclusivamente para mim em muitos, muitos meses.

Pensei exaustivamente sobre o que fazer com esse precioso tempinho. As opções eram: estudar para uma prova que está por vir, depilar a perna, ler um livro (atividade que não pratico há mais tempo do que gostaria de confessar), dormir ou fazer o que estou fazendo agora: botar o cérebro pra mascar chiclete. Na situação em que me encontro, cheguei à conclusão de que essa seria a opção que mais bem me faria.

Isso tudo pra justificar por que diabos passei tanto tempo sem escrever no blog. Tinha prometido a mim mesma que não começaria mais um blog que seria abandonado pelo meio do caminho. Alguém pode dizer que a falta de tempo é uma tremenda de uma desculpa esfarrapada. Maybe true.

Outra parte da verdade é que o tema deste bog está um pouco esgotado na minha mente. Pensei nisso durante um tempo. E hoje cheguei à conclusão de que esse esgotamento também é fruto da falta de tempo. Quer dizer, certamente há muito mais a dizer sobre o centro de SP, apenas não tenho tempo para descobrir, para ver, para pensar a respeito e finalmente para fazer disso um post. Escrever requer tempo. Mesmo uma escrita ruim e vagabunda como a minha requer tempo.

Hoje levei dois sapatos e três calças para fazer alguns consertos. Elas estavam esperando por esse momentos há uns três meses, no mínimo. Peguei minha sacolinha e lá fui eu (aliás, só pra me manter fiel ao tema do blog, posso dizer que essa é, de longe, a maior vantagem de morar no centro: qualquer serviço que você imagine está a no máximo dois quarteirões da sua casa).

Meu itinerário durou menos de 20 minutos. O sapateiro fica no mesmo quarteirão da minha casa. Uma biboca toda cheia de graxa com escritos  mal feitos na parede. Entreguei os sapatos para o conserto. Expliquei o que deveria ser feito. Ele me passou o valor: R$ 45 (sim, era um conserto complexo, não era só o básico de trocar o saltinho). Peguei o ticket. E, quando olhei pra cima, eu vi. Vi o sapateiro. Era um dos homens mais lindos que já vi na vida. Olhos azuis de vidro, braços bem trabalhados na academia, com uma tatuagem, cabelos bem pretos, alto. Paralisei. Aquela pessoa estava totalmente descolada da paisagem. Parei de ouvir o que ele dizia por uns segundos. Agora não sei quando tenho que voltar lá para pegar os benditos pisantes.

Enfim, tossi, me recompus, agradeci e segui adiante para a segunda parte da minha missão: levar as calças para o conserto. Cheguei na costureira. Ela me recebeu com o cabelo lambusado na tinta de cabelo, sem o menor pudor. A costureira sublocou dois pedacinhos da biboca dela para outras empresárias. Uma montou um balcãozinho de produtos Natura. A outra, um mini sex shop. Pensei: aqui você pode deixar sua calça para fazer a barra, comprar um xampu e um vibrador. Olha que prático. Embarrassing.

É isso. O centro é isso: tanto pode ser um sapateiro-modelo quanto uma costureira-sex shop. Welcome aboard.