segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Cartilhas

Eu ia começar este post justificando minha ausência dizendo que é difícil manter o interesse quando se escreve um blog sobre um tema pessoal. Aí comecei a ler o último post e percebi que ele começava E-XA-TA-MEN-TE desse jeito. Disso é possível tirar muitas conclusões: que eu não mudei de ideia nos últimos 3 meses, que eu não tenho a menor imaginação ou, quem sabe, pode-se concluir que seja realmente verdade.

Seja lá como for, isso me poupa desse blá blá blá introdutório e me permite tratar logo daquilo que eu tinha em mente. Então vamos ao que interessa (ou que me interessa, pelo menos). Eu estava aqui, matutando sobre uma assunto há algum tempo, quando hoje recebi uma mensagem pelo face de uma amiga, dizendo que também estava de dieta e me incentivando a voltar a escrever no blog. Disse que o blog a inspirava. Gente, vocês não têm noção do quanto isso me deixou feliz. Imagina, ser capaz de inspirar um ser humano? Nunca pensei que isso fosse possível pra mim. Coisa mais fofa de uma amiga igualmente fofa. Serei eternamente grata. Então resolvi sentar meu bumbum neste sofá, enquanto minha casa continua a maior zona em decorrência dessa pintura dos infernos no apartamento.

E o fato sobre o qual venho matutando é que atualmente tenho ouvido com muita frequência as pessoas falarem de como é o jeito "certo" de viver. E, claro, se existe um jeito "certo", nada mais lógico do que existir um jeito "errado" (ou muitos jeitos errados).

Por exemplo, em algum momento do passado, enquanto eu era uma estudante de filosofia, o jeito certo de viver plenamente aceito (ou assim eu achava que era) incluía ler muitos livros, estudar muito, consumir o máximo de cultura que fosse possível, usar roupas simples, tomar cerveja no boteco em copo americano, dançar forró na cooperativa de Barão Geraldo. O jeito errado incluía ainda muito mais coisas, como usar scarpins, fazer luzes loiras no cabelo, gostar de gadgets tecnológicos, música eletrônica e por aí vai.

Em um outro universo de pessoas, o jeito certo parece ser "curtir" a vida até os 28 anos, casar até os 30, ter um filho até os 32 e o segundo até os 35. Juntar dinheiro, comprar um bom apartamento, ter um bom carro, praticar esportes, estar antenado com as novas tecnologias. Tudo isso faz parte do jeito certo. O jeito errado parece ser viver de outra forma qualquer que não contemple nada disso.

É óbvio que estou sendo simplista e um pouco irônica (mas não muito). Mas, de verdade, o que me incomoda não é as pessoas seguirem as cartilhas que melhor lhes parece para viver, mas a perpétua sensação de que existe uma intolerância com quem pensa diferente, sente diferente, vive (ou tenta viver) diferente. Parece que tá difícil reconhecer e aceitar o outro, viu?

É exatamente como a questão do preconceito. Quem não é negro, gordo, mulher, pobre, homossexual etc. e tal muitas vezes simplesmente nega que exista o preconceito contra todas essas condições de vida aí. E, se você, que está em um desses grupos, diz que tem, logo vem uma avalanche de racionalizações para dizer que não é discriminação, é qualquer outra coisa. Tipo o clássico "não é discriminação de cor, é porque tem muito negro nas camadas mais pobres, por isso eles não estão nos postos mais altos da sociedade".

Bom, existe uma forma muito simples de solucionar essa dúvida: pergunte a quem está no grupo em questão. Pergunte a um negro, gordo, mulher, homossexual, pobre etc. e tal o que ele acha, se existe discriminação ou não, se já passou por alguma situação de discriminação ou não. Vamos ouvir tantos, tantos e tantos exemplos que uma vida não seria suficiente para dar conta. Por isso que a profissão de repórter me atraía. Em tese, um repórter iria testar a sua hipótese na realidade e colheria os depoimentos dos personagens envolvidos. Profissão: repórter. Vai lá perguntar pro Caco Barcellos.

Então o mundo em que vivemos é este, vamos parar de fingir. E eu cansei. Eu e o João Doria Jr. Por isso não finjo mais nada. Posso no máximo ficar quieta e escolher em quais brigas quero entrar.

Por outro lado, me sinto absolutamente confortável para elaborar a minha própria cartilha do que considero certo ou errado para viver. No meu caso, apenas almejo chegar a algum lugar mais para a frente da vida com uma velhice razoavelmente digna. E qual o caminho para isso? Acho que 4 aspectos, basicamente: cuidar do corpo, cuidar da mente, cuidar da vida financeira (veja, não disse enriquecer, apenas tentar não ser indigente) e cuidar da relação com as pessoas que me cercam, que me amam e a quem eu amo. Parece pouco, mas é coisa pra caralho. Demanda um esforço que não tá no gibi (expressão que denota a idade de forma irracional). No momento, diria que tenho relativo sucesso em alguns aspectos e relativo fracasso em outros.

No que toca a este blog, que é o cuidado com o corpo, posso dizer que estou a apenas 3 kg da minha meta dos 90 kg. Falta um mês e meio pro fim do ano. Eu andei dando aquela vacilada na dieta, o que ocorre quando a vida dá uma degringolada, mas tô aqui de novo, firme (metaforicamente falando, já que as carrrrnes não andam tão firmes assim) e forte. Nesta semana de volta, a meta é comer saudável. Saudável mesmo. Nada de carne vermelha, frituras, industrializados, gorduras, carboidratos refinados. Vamos de salada, sopa de legumes (no calor de 35º), muita água, frutas, peixe, nuts, aveia, granola e o diabo a quatro. E um livrinho, pra cuidar da mente. Acho que vou escolher alguma biografia não-autorizada, para ficar ligada no movimento.

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